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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐366 Anabela Gradimpo<strong>de</strong> dizer: “A nossa concepção <strong>de</strong>ssas primeiras fases tem <strong>de</strong> ser vaga... talcomo as expressões do primeiro capítulo do Génesis”. 92O universo enquanto secundida<strong>de</strong> é um rebento ou <strong>de</strong>terminação arbitrária<strong>de</strong> um mundo platónico <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias, 93 e esse processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivação a partir domundo das i<strong>de</strong>ias teve início na “extreme vagueness da potencialida<strong>de</strong> completamentein<strong>de</strong>terminada e sem dimensões”. 94 O mundo das formas platónicas,que se i<strong>de</strong>ntifica com Qualida<strong>de</strong>s, emerge “por contradição” da potencialida<strong>de</strong>vaga inicial, e assim faz a sua entrada no patamar da existência. Este “cosmos<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>s sensíveis” possuía, no seu estado anterior “um ser mais vago,antes das relações das suas dimensões se tornarem <strong>de</strong>finidas”. 95Estas qualida<strong>de</strong>s são um sentimento, e <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> absoluta, pois sãoa ausência <strong>de</strong> reacção, “<strong>de</strong> sentir outro”. 96 A potencialida<strong>de</strong> geral e in<strong>de</strong>finidatornou-se então limitada e heterogénea. “A potencialida<strong>de</strong> <strong>de</strong>finida po<strong>de</strong>emergir da potencialida<strong>de</strong> in<strong>de</strong>finida apenas em virtu<strong>de</strong> da sua primeirida<strong>de</strong>92 . Collected Papers, 6.203, e ainda, “. . . where we speak of the universe as arising, we donot mean that literally. We mean to speak of some kind of sequence, say an objective logicalsequence”, CP, 6.214..93 . Collected Papers, 6.192.94 . Collected Papers, 6.193. Todo este difícil passo sobre o mundo platónico das i<strong>de</strong>iastem merecido por parte dos comentadores diferentes interpretações. Anoto aqui a <strong>de</strong> H. O.Mounce, que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que as leis da natureza não nasceram no processo <strong>de</strong> criação do cosmos,mas já existiam numa realida<strong>de</strong> transcen<strong>de</strong>nte, e apenas se tornaram operativas – opinião quenão partilho já que Peirce caracteriza abundantemente o estado anterior como puro nada – eque aponta para um suposto transcen<strong>de</strong>ntalismo <strong>de</strong> Peirce, uma foram sui generis que concebea existência <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong> transcen<strong>de</strong>ntal em termos <strong>de</strong> potencialida<strong>de</strong> e não <strong>de</strong> existência.De facto, na interpretação <strong>de</strong> Mounce ela não está neste universo, mas é relativa a ele porque sóa partir do universo po<strong>de</strong>mos referi-la. MOUNCE, H. O., The Two Pragmatisms — from Peirceto Rorty, 1997, Routledge, London, p. 64. Turley, por seu lado, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que em Peirce não hálugar nem para uma transcendência divina <strong>de</strong> tipo <strong>de</strong>ístico, nem para uma imanência <strong>de</strong> tipopanteísta. TURLEY, Peter, Peirce’s Cosmology, 1977, New York Philosophical Library, NewYork, p. 39. É difícil tomar posição na interpretação da questão, pois há sinais que apontamnuma e noutra direcção, mas parece-me – professando a humilda<strong>de</strong> falibilista do próprio Peirce– que qualquer versão <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong> que transcenda o universo tal como o conhecemos <strong>de</strong>veser excluída do seu <strong>sistema</strong>. Porém, contra isto, há o facto <strong>de</strong> repetidas vezes Peirce afirmar queo universo <strong>de</strong> secundida<strong>de</strong> em que vivemos é apenas uma das infinitas actualizações possíveisque este po<strong>de</strong>ria ter conhecido. Talvez o que seja necessário seja uma forma <strong>de</strong> construir apotencialida<strong>de</strong> pura do início que não implique a sua transcendência.95 . Collected Papers, 6.197.96 . Collected Papers, 6.198.www.labcom.pt✐✐✐✐

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