13.07.2015 Views

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

✐✐✐✐A Dimensão Comunicacional da Semiótica <strong>de</strong> Peirce 3respeitosa temperança se satisfará em clamar por um mapa e apontar o caminho.E ver o caminho basta. Outros melhores chegarão até on<strong>de</strong> ele conduz.Quanto a Peirce, um dos aspectos mais sedutores e extraordinários doseu sentimentalismo é o profundo e imaculado optimismo que o habita: hálugar para a esperança no mundo dos homens, para o progresso do conhecimento,e para o aperfeiçoamento moral. A própria natureza acompanha estemovimento que tudo orienta para um fim, e no centro <strong>de</strong>ssa obra, o homem,principal agente <strong>de</strong>sse progresso ou razoabilida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> encarar o futuro complena confiança em dias melhores, ao mesmo tempo que apura o diálogo queentretém consigo, com o mundo e com os outros homens. Porque o sentimentalismopeirceano também po<strong>de</strong>ria ser classificado como um i<strong>de</strong>alismosemiótico, nele assumem particular relevo os aspectos comunicacionais. Sãoesses aspectos que permitem a auto-regulação do comportamento, a adaptaçãodo hábito e o consequente progresso moral. São também eles que hão-<strong>de</strong> garantiro diálogo entre as diversas comunida<strong>de</strong>s humanas, e a real possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> entendimento entre elas, algo on<strong>de</strong> hoje, diferentemente <strong>de</strong> no seu tempo, 3se joga muito simplesmente o futuro da espécie sobre o planeta.Este o ponto <strong>de</strong> chegada, mas não <strong>de</strong> partida. Tendo leccionado por diversasvezes a disciplina <strong>de</strong> Semiótica, sempre me fascinaram as éticas da discussão,e o avassalador contraste entre o brilho e subtileza daquele engenhomaquínico, e a sua fragilida<strong>de</strong> e mesmo inoperacionalida<strong>de</strong>. Perturbava-me,concretamente, a sua vulnerabilida<strong>de</strong> ao argumento do “tijolo”, ou como po<strong>de</strong>rárespon<strong>de</strong>r um apeleano ou um habermasiano a um interlocutor armado.No mo<strong>de</strong>rno diálogo entre estados, como entre etnias, culturas ou religiões,este factor não é <strong>de</strong>spiciendo. Sabemos como as éticas dialógicas ten<strong>de</strong>ma lidar com a questão, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo na senda da resposta oferecida por Apel:<strong>de</strong>limitando e <strong>de</strong>marcando restritivamente o âmbito do problema.Mas isso, se em termos filosóficos é uma forma lícita <strong>de</strong> sanar a questão,não o é em termos práticos, precisamente porque não chega a respon<strong>de</strong>r ao“argumento do tijolo”, nem a resolver a questão concreta e o <strong>de</strong>safio que estecoloca: limita-se a excluí-lo das condições pragmáticas a priori da esfera on<strong>de</strong><strong>de</strong>corre a discussão i<strong>de</strong>al. Ora um procedimento <strong>de</strong>sse tipo, pressupor condiçõespragmáticas a priori tais que dificilmente serão cumpridas parece-me ser3 . Peirce morreu em 1914, e não chegou portanto a assistir à calamida<strong>de</strong> e péssimo prenúncioque a I Guerra Mundial augurava para o séc. XX.www.labcom.pt✐✐✐✐

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!