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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐A Dimensão Comunicacional da Semiótica <strong>de</strong> Peirce 149opta, como o próprio Apel bem reconhece. Ora isso é precisamente inquinara articulação teoria-praxis que se almejara <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início.A segunda, gran<strong>de</strong>, dificulda<strong>de</strong> relaciona-se com a incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a éticaracionalmente fundada lidar com “o outro”. Sustenta Apel que os participantesnuma discussão <strong>de</strong> fundamentação filosófica já atingiram as regras operativasda moldura criticista, estabelecidas através <strong>de</strong> contemplação transcen<strong>de</strong>ntal.A escolha <strong>de</strong> tal moldura crítica “é a única <strong>de</strong>cisão possível que ésemântica e pragmaticamente consistente”. Qualquer pessoa que escolha oobscurantismo “termina a discussão ela própria e a sua <strong>de</strong>cisão é, por conseguinte,irrelevante para a discussão”. 76Por um lado, diz, incorre-se em contradição performativa pois a compreensãoda <strong>de</strong>cisão obscurantista só é possível pressupondo aquilo que tal <strong>de</strong>cisãonega; por outro, se essa assunção é radicalmente feita, “então, ao fazê-la,[o sujeito] <strong>de</strong>ixa a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação transcen<strong>de</strong>ntal e abandona apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> autocompreensão e auto-i<strong>de</strong>ntificação”. 77 “A valida<strong>de</strong> dasnormas morais básicas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> argumentar (will to argumentation).Esta vonta<strong>de</strong> racional po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve ser pressuposta em toda a discussãofilosófica acerca <strong>de</strong> fundamentações – <strong>de</strong> outra forma, a própria discussão nãotem significado” 78 - ora, se o próprio Apel reconhece que a partir <strong>de</strong>ste pontoa discussão não tem significado, que mais se po<strong>de</strong> acrescentar? É <strong>de</strong> factopossível pressupor uma “vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> argumentar” livre <strong>de</strong> coacção e perfeitamentesincera em todos os intervenientes <strong>de</strong> uma discussão sobre fundamentaçãofilosófica, mas disso não <strong>de</strong>corre que essa vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> argumentar possaser transposta para o palco on<strong>de</strong> se jogam as questões éticas concretas, comos seus conteúdos normativos, e on<strong>de</strong> os actores não têm necessariamente <strong>de</strong>participar numa discussão – nem i<strong>de</strong>al nem concreta – para serem relevantespara a praxis em curso.Esta é a questão <strong>de</strong>cisiva, o problema da motivação ou pertença a umacomunida<strong>de</strong> na parte B da ética do discurso, e que, do meu ponto <strong>de</strong> vista,Apel não resolve satisfatoriamente, apesar da sua proclamação <strong>de</strong> que a “vonta<strong>de</strong><strong>de</strong> argumentação”, que não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminada empiricamente, “é a76 . APEL, Karl-Otto, Towards a Transformation of Philosophy, 1980, Routledge & KeganPaul, London, p. 268. Itálico meu.77 . I<strong>de</strong>m.78 . I<strong>de</strong>m.www.labcom.pt✐✐✐✐

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