13.07.2015 Views

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

✐✐✐✐Ética e heteronomia 423por todas a moralida<strong>de</strong>, falhou os seus intentos preparando assim o caminhopara a <strong>de</strong>scrença generalizada do século na exequibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tal projecto.E assim chegamos ao coração da reconstrução histórica da catástrofe quemutilou a linguagem da moralida<strong>de</strong>, conferindo-lhe o carácter emotivista quehoje a marca, segundo MacIntyre. Foi no século XVIII, no apogeu da culturailuminista, que o projecto <strong>de</strong> uma justificação racional da moralida<strong>de</strong> se tornoucentral para os pensadores do norte da Europa, e foi o falhanço <strong>de</strong>sse projectoque forneceu o background no qual a nossa cultura se torna inteligível: umacultura on<strong>de</strong> o <strong>de</strong>bate moral é visto como um confronto entre premissas incompatíveise incomensuráveis, e o comprometimento moral como expressão<strong>de</strong> uma escolha entre tais premissas que não é justificável racionalmente. 14Este elemento <strong>de</strong> arbitrarieda<strong>de</strong> foi uma <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> Kierkegaard noEnten-Eller, 15 obra que MacIntyre consi<strong>de</strong>ra o epitáfio do projecto iluminista.Neste diálogo Kierkegaard põe em cena três personagens, uma que recomendao modo <strong>de</strong> vida ético, outra que recomenda o modo <strong>de</strong> vida estético, e umaterceira que anota a posição dos dois. MacIntyre aponta <strong>de</strong>pois o que chama<strong>de</strong> inconsistência interna da obra: é que o ético é apresentado como o reinodos princípios que têm autorida<strong>de</strong> sobre o homem in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> factoressubjectivos, atitu<strong>de</strong>s, preferências e sentimentos, mas em Enten-Ellervai <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r também que os princípios que sustentam o modo ético <strong>de</strong> vida<strong>de</strong>vem ser adoptados por uma escolha que está para além da razão, porque éa escolha do que <strong>de</strong>ve contar para o homem como uma razão. A contradiçãoé manifesta: como po<strong>de</strong> então o ético ter autorida<strong>de</strong> sobre o indivíduo?questiona. 1616.2 O colapso do projecto iluministaFoi o fracasso <strong>de</strong> Kant 17 que preparou o terreno para o aparecimento <strong>de</strong> Enten-Eller. Kant, acreditando que as regras da moralida<strong>de</strong> são racionais, e portanto14 . I<strong>de</strong>m, p. 39.15 . KIERKEGAARD, Soren, 1971, Either/Or, Princeton University Press, New Jersey, USA.16 . I<strong>de</strong>m, pp. 41-42.17 . É quase tautológico, mas assim mesmo fica a referência da obra on<strong>de</strong> Kant intenta a suafundamentação da moral: KANT, Immanuel, Crítica da Razão Prática, col. Textos Filosóficos,Edições 70, trad. MORÃO, Artur, 1999, Lisboa.www.labcom.pt✐✐✐✐

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!