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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐A Dimensão Comunicacional da Semiótica <strong>de</strong> Peirce 17dimensão comunicacional para a constituição <strong>de</strong> uma Ética da Discussão. Depois,que esse projecto, – cujo mérito não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> maravilhar-nos – éher<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> uma certa concepção <strong>de</strong> Razão iluminista que remonta a Kant (ofilósofo chega a crismá-lo <strong>de</strong> neokantismo transformado).Este iluminismo que é a saída do homem da sua menorida<strong>de</strong>, concebidacomo “a incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se servir do seu entendimento sem a direcção <strong>de</strong> outrem”,estabelece o alcance e dimensões do programa que Apel, contra os assaltosdo emotivismo contemporâneo, prossegue. Defen<strong>de</strong>rei que a sua “filosofiasemioticamente transformada”, com pressupostos comunicacionais queradicam na própria estrutura da racionalida<strong>de</strong> humana, é ainda uma tentativa<strong>de</strong> resgate do programa das Luzes – a ilusão da perfeita autotransparência ecomunicabilida<strong>de</strong> absoluta <strong>de</strong> que fala Vattimo.O mérito <strong>de</strong> uma reabilitação da Razão, ou quest em torno da figura dostranscen<strong>de</strong>ntais clássicos, é indiscutível quando pensamos que coinci<strong>de</strong> precisamentecom os anos da <strong>de</strong>sconstrução e dissolução sistemática <strong>de</strong> tais figuras,e muito antes <strong>de</strong> ao pós-mo<strong>de</strong>rnismo se esboçar consistentemente alternativaou reacção. Mesmo que a comunicação perfeita ou a <strong>de</strong>cisão absolutamenteracional não sejam possíveis, pressupô-las, como princípio regulador do diálogoconcreto, é imprescidível à continuação do próprio diálogo, e nesse aspecto,necessariamente, o meu coração está com Apel.Mas aqui voltamos a confrontar-nos com a vulnerabilida<strong>de</strong>, já apontada,a todas as éticas comunicacionais. Porque falha o programa iluminista? AlasdairMacIntyre, em After Virtue, persegue a resposta, e revela, <strong>de</strong>smontandoas,que essas éticas falham porque <strong>de</strong>las foi afastada uma dimensão essencial,presente nas éticas clássicas, como na ética cristã medieval: o teleologismo. Ahistória é por ele exemplarmente contada: a catástrofe do projecto iluminista<strong>de</strong> fundamentar racionalmente a moral fica a <strong>de</strong>ver-se, entre outras coisas, àabolição da teologia tradicional, e da moral teleológica que alimentava os esquemascomportamentais dos antigos. As morais antigas e tradicionais, bemcomo a moral medieval, funcionam porque apresentam uma concepção teleológicada natureza humana: a visão do homem como tendo um fim, para oqual os preceitos morais que todos <strong>de</strong>vem cumprir orientam o ser humano. Asregras da moral tradicional ajudam-no a encontrar-se com o seu telos, e esseé simultaneamenteo seu bem. Não precisam <strong>de</strong> uma fundamentação “transcen<strong>de</strong>ntal”porque a têm heterónoma: a natureza humana no caso das moraisclássicas, ou a teologia católica e protestante, no caso da moral medieval.www.labcom.pt✐✐✐✐

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