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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐100 Anabela Gradima lógica da investigação seja a priori moralmente relevante. É que o processo<strong>de</strong> investigação, bem como o interpretante lógico final, constituem não só aopinião teoreticamente verda<strong>de</strong>ira do sujeito e da comunida<strong>de</strong>, mas tambémdão origem a um hábito, <strong>de</strong> forma que a razão está profundamente envolvidanos hábitos que acompanham as crenças, e o processo <strong>de</strong> clarificação lógicaque lhes <strong>de</strong>u origem apresenta por essa via um insuspeitado alcance moral.A valida<strong>de</strong> do pragmatismo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> assim da pressuposição <strong>de</strong> um objectoético final a longo prazo, que po<strong>de</strong> ser perseguido por uma comunida<strong>de</strong>sem limites <strong>de</strong>finidos. Por isso, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 1900, Peirce sente necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>enquadrar a máxima pragmatista na moldura mais geral constituída pelas ciênciasnormativas, que colocam como fim ético absoluto a busca <strong>de</strong> um summumbonum que - espelhando aliás a incomensurabilida<strong>de</strong> na lógica da investigaçãoentre crenças concretas e o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> como crença <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong>ilimitada - a prática individual e finita <strong>de</strong> cada homem não logra alcançar. Oenvolvimento da máxima pragmatista com as ciências normativas faz com queo homem passe a tomar parte na racionalização do universo, integrado numacomunida<strong>de</strong> in<strong>de</strong>finida que persegue o summum bonum porque este é atractivoem si próprio.Peirce explica muito bem esta <strong>de</strong>pendência que a lógica tem da ética, poisse todo o pensamento tem <strong>de</strong> ser interpretado em termos das acções a quepo<strong>de</strong> dar origem, então a lógica, que é a arte <strong>de</strong> pensar correctamente, “tem <strong>de</strong>ser uma aplicação da doutrina daquilo que <strong>de</strong>liberadamente escolhemos fazer,que é a Ética”. 57 A ética, por seu turno, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da estética, a ciência que<strong>de</strong>verá encontrar algo que seja admirável per se. A estética tem <strong>de</strong> se basearnuma doutrina que, alheando-se <strong>de</strong> qualquer consi<strong>de</strong>ração prática quanto àconduta humana, distingue os estados <strong>de</strong> coisas que são admiráveis dos queo não são, procurando <strong>de</strong>finir o que torna um i<strong>de</strong>al admirável. A tarefa daestética é <strong>de</strong>terminar o que <strong>de</strong>ve ser admirado per se, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente dasconsequências que possa implicar para a conduta dos indivíduos. Assim, “astrês ciências normativas são a Lógica, a Ética e a Estética, sendo as três doutrinasque distinguem o bem do mal; a Lógica com respeito às representações57 . “I will, therefore, presume that there is enough truth in it to ren<strong>de</strong>r a preliminary glanceat ethics <strong>de</strong>sirable. For if, as pragmatism teaches us, what we think is to be interpreted in termsof what we are prepared to do, then surely logic, or the doctrine of what we ought to think,must be an application of the doctrine of what we <strong>de</strong>liberately choose to do, which is Ethics”,in Collected Papers, 5.35.www.labcom.pt✐✐✐✐

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