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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐A Dimensão Comunicacional da Semiótica <strong>de</strong> Peirce 147Se é belo o esquema i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> Apel, na sua clara racionalida<strong>de</strong>, a sua traduçãojunto das comunida<strong>de</strong>s humanas que habitam o mundo concreto é bemmais difícil <strong>de</strong> visualizar, fica perfeitamente sujeita a todos os tipos <strong>de</strong> atrito eobstáculos que precisamente impe<strong>de</strong>m a prossecução <strong>de</strong> qualquer activida<strong>de</strong>política, e não garante, nem afasta inequivocamente a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resolução“estratégica” ou mesmo violenta dos conflitos.A partir do patamar <strong>de</strong> fundamentação transcen<strong>de</strong>ntal, ou da “parte A”da ética da discussão, como Apel lhe chama, o esquema <strong>de</strong> funcionamentoda ética torna-se opaco, nada é já muito claro, passando-se ao campo dasafirmações puramente dogmáticas. 71 Ora, do ponto <strong>de</strong> vista do próprio Apel,pois o diz sobejamente, a questão filosófica fundamental é a da mediação entreteoria e praxis, e esta é anunciada, é certo, mas não suficientemente explicitadae concretada.Po<strong>de</strong>riamos dizer que Apel é dogmático, como o seria qualquer ética teleológica,mas como não o sabe ou admite – há o dogma da discussão, e a admissãoresignada <strong>de</strong> que não é possível, nem mesmo discursivamente, abandonar<strong>de</strong> todo a coacção e o constrangimento – isso oculta-se sob o manto diáfano<strong>de</strong> uma arquitectura i<strong>de</strong>al que, <strong>de</strong> facto, não chega a reunir as condições para<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> o ser, isto é, para funcionar.Problema maior da ética da discussão 72 é como, a partir da fundamentaçãotranscen<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> um terreno <strong>de</strong> racionalida<strong>de</strong> comum (e esta fundamentaçãotranscen<strong>de</strong>ntal resume-se a todos partilharmos uma racionalida<strong>de</strong> una – a razãoé a coisa mais bem distribuída do mundo – pelo que negando-o, se cai emautocontradição performativa), construir, <strong>de</strong> forma não <strong>de</strong>dutiva, uma éticaque tenha aplicabilida<strong>de</strong> nas situações concretas do mundo. Do meu ponto <strong>de</strong>vista essa articulação ou permanece ainda incompleta, ou é um acto falhadoda própria teoria. Pormenorizemos.O tipo <strong>de</strong> fundamentação transcen<strong>de</strong>ntal não <strong>de</strong>dutiva, tal como foi empreendidapor Apel, terá o seu lugar, mas não tranquiliza ninguém, não chegandosequer a suspen<strong>de</strong>r o <strong>de</strong>sconforto <strong>de</strong> quem enfrenta a questão ética. Porquê?O esquema apeleano, transcen<strong>de</strong>ntalmente radioso, falha na hora da articulaçãocom situações mundanais concretas, 73 e isso suce<strong>de</strong> <strong>de</strong> duas formas:71 . Este é o “teoretismo” <strong>de</strong> que o acusa Gilbert Hottois, já aqui examinado.72 . Vd. APEL, Karl-Otto, Éthique <strong>de</strong> la Discussion, 1994, Humanités, Les Éditions duCERF, Paris.73 . Recor<strong>de</strong>-se que esta é a questão que Apel por <strong>de</strong>masiadas vezes reputa <strong>de</strong> “<strong>de</strong>cisiva”, ewww.labcom.pt✐✐✐✐

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