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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐280 Anabela Gradimconcurso da vonta<strong>de</strong> – e convencionais – instituídos pelos homens para significar.50 É <strong>de</strong>stes últimos que se ocupará De Doctrina, <strong>de</strong>finindo-os comoos signos que os seres vivos utilizam para manifestar a outrem sensações oupensamentos – isto é, comunicar, 51 e entre os homens os principais são aspalavras, pois por meio das palavras po<strong>de</strong> dar-se a conhecer a totalida<strong>de</strong> dossignos existentes, mas a inversa não é verda<strong>de</strong>ira: as palavras dificilmenteserão significadas por signos não verbais.Todorov consi<strong>de</strong>ra que Agostinho é o primeiro autor a apresentar uma verda<strong>de</strong>irateoria semiótica, uma vez que a sua <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> signo consi<strong>de</strong>ra tantoa perspectiva da significação (stat pro) como a perspectiva comunicacional (ossignos convencionais servem para manifestar sensações e pensamentos). “Ainstância sobre a dimensão comunicativa é original: não existia nos textos dosEstóicos, que constituíam uma pura teoria da significação, e fora muito menosacentuada por Aristóteles, que falava, é certo, <strong>de</strong> “estados <strong>de</strong> espírito”, portantodos locutores, mas que <strong>de</strong>ixava completamente na sombra esse contexto<strong>de</strong> comunicação”. 52Além <strong>de</strong> contemplar uma semiótica comunicacional e da significação, tambémEco consi<strong>de</strong>ra que De Doctrina, que é um tratado <strong>de</strong> hermenêutica, forneceuum impulso <strong>de</strong>cisivo ao alegorismo panmetafísico que percorrerá todaa Ida<strong>de</strong> Média. É certo que Clemente <strong>de</strong> Alexandria, ou Orígenes – que dizque num texto se <strong>de</strong>ve distinguir entre sentido literal, moral e místico 53 – jáhaviam aberto a porta a essa peculiar forma <strong>de</strong> ver o mundo, mas Agostinhoreforça a tendência levantando a questão da fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> da tradução bíblica e dapossibilida<strong>de</strong> dos hebreus terem corrompido o texto original por ódio à verda<strong>de</strong>.Como forma <strong>de</strong> dirimir estas dificulda<strong>de</strong>s, a hermenêutica bíblica <strong>de</strong>vesocorrer-se <strong>de</strong> várias traduções, inserir os trechos em análise no seu contexto50 . “Signorum igitur alia sunt naturalia, alia data. Naturalia sunt quae sine voluntate atquenullo appetitu significandi, praeter se aliquid aliud ex se cognosci faciunt, sicut est fumussignificans ignem”, i<strong>de</strong>m, p. 97.51 . “Data vero signa sunt, quae siti quaeque viventia invicem dant ad <strong>de</strong>monstrandos, quantumpossunt, motus animi sui, vel sensa, aut intellecta quaelibet. Nec ulla causa est nobissignificandi, id est signi dandi, nisi ad <strong>de</strong>promendum et traiiciendum in alterius animum idquod animo gerit is qui signum dat”, i<strong>de</strong>m, p. 99.52 . Todorov, Tzvetan, Teorias do Símbolo, 1977, Edições 70, Lisboa, p. 36.53 . Cf. Eco, Umberto, “A epístola XIII e o alegorismo medieval”, 1986, Cruzeiro Semióticon o 4, ed. Norma Tasca, Porto.www.labcom.pt✐✐✐✐

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