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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐72 Anabela Gradimsugerida por Peirce, em contraste por exemplo, com Kant, a fixação sintéticaa priori dos axiomas fundamentais das ciências é evitada – daí a sua rejeiçãodo ‘transcen<strong>de</strong>ntalismo’. Contudo, Peirce abraçou o projecto <strong>de</strong> fundar a valida<strong>de</strong>das inferências sintéticas, indução e abdução, “a longo prazo”, num tipo<strong>de</strong> “lógica transcen<strong>de</strong>ntal” que é simultaneamente uma lógica normativa da interpretaçãodos signos, e com isto, diz Apel, prefigurou uma alternativa a todaa “ultrapassagem” da metafísica e da filosofia transcen<strong>de</strong>ntal que, contemporaneamente,sugerem uma total <strong>de</strong>stranscen<strong>de</strong>ntalização e uma relativização<strong>de</strong> todas as condições <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> intersubjectiva pensáveis. Apel referese,evi<strong>de</strong>ntemente, às variadas formas <strong>de</strong> relativismo dito “pós-mo<strong>de</strong>rno” queproliferaram abundantemente na segunda meta<strong>de</strong> do século XX, e pelas quaisnão nutre a mais pequena simpatia.O programa <strong>de</strong> uma semiótica transcen<strong>de</strong>ntal tem ainda como vantagem,relativamente a essas formas <strong>de</strong> relativismo, o facto <strong>de</strong> oferecer as teoriasconcomitantes <strong>de</strong> um realismo crítico do significado; 11 e o relacionamento,normativo e <strong>de</strong> procedimento, <strong>de</strong> todos os critérios possíveis <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> numateoria consensual da verda<strong>de</strong>. Através <strong>de</strong>stas duas teorias, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> Apel, épossível evitar todas as formas acríticas <strong>de</strong> realismo metafísico ou externoe a correspon<strong>de</strong>nte teoria <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> que pressupõe um ponto <strong>de</strong> vista forada relação sujeito-objecto do conhecimento. Mesmo a incognoscível coisa11 . Meaning critical-realism é a expressão utilizada na edição americana <strong>de</strong> From Pragmatismto Pragmaticism, e que aqui verti por realismo crítico do significado. O seu tradutor, Prof.John Michael Krois, diz estar a verter a palavra germânica sinnkritik por crítica do significado,e que com ela Apel preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>signar a reflexão sobre as pré-condições da compreensão dosignificado, e, consequentemente, do argumento. Apel cunhou este termo para distinguir entreo filosofar contemporâneo, e a anterior preocupação filosófica ocupada com a crítica do conhecimento.A diferença entre estes dois métodos <strong>de</strong> análise representa para ele uma viragem outransformação na filosofia em geral, <strong>de</strong> uma fase antiga em que os filósofos procuravam investigaro conhecimento por referência à consciência, para uma nova fase na qual o significado épensado mais fundamental que o “conhecimento”. Nesta nova fase da filosofia dirige-se a atençãopara a linguagem e outros tipos <strong>de</strong> signos, em vez <strong>de</strong> “i<strong>de</strong>ias” ou “mentes”, que <strong>de</strong>ste ponto<strong>de</strong> vista parecem ser constructos que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do fenómeno mais básico do significado. Queo significado da máxima pragmatista é uma “crítica do significado”, ver-se-à ainda com mais<strong>de</strong>talhe ao longo <strong>de</strong>ste trabalho, bastando por ora fazer notar que questionar os efeitos práticos<strong>de</strong> um objecto ou expressão é o equivalente a questionar o seu significado, que essas perguntastêm o condão <strong>de</strong> clarificar. Cf. APEL, Karl-Otto, <strong>Charles</strong> San<strong>de</strong>rs Peirce — from Pragmatismto Pragmaticism, 1995, Humanities Press, New Jersey, Translator’s Preface, p. XIV.www.labcom.pt✐✐✐✐

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