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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐274 Anabela GradimMenelau pelo príncipe troiano Páris – lendário, também, pela sua beleza –<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ando a gesta imortalizada por Homero na Ilíada.Depois <strong>de</strong> analisar alguns dos motivos possíveis para a atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Helena,Górgias consi<strong>de</strong>ra que também po<strong>de</strong>ria ter sido persuadida a realizar tais actos.A partir daqui, <strong>de</strong>senrola-se uma ar<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>fesa do po<strong>de</strong>r da palavra e dodiscurso sobre os seus ouvintes, po<strong>de</strong>r tanto maior quanto se foram as belaspalavras que seduziram Helena, esta não po<strong>de</strong> por isso ser responsabilizadapelos seus actos. “O Discurso é um senhor soberano que, com um corpo diminutoe quase imperceptível leva a cabo acções divinas. Na verda<strong>de</strong>, eletanto po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ter o medo como afastar a dor, provocar a alegria e intensificara compaixão (...) Relação idêntica possuem a força do discurso em or<strong>de</strong>m àdisposição do espírito e a prescrição dos medicamentos para a saú<strong>de</strong> dos corpos.Na verda<strong>de</strong>, assim como certos medicamentos expulsam do corpo certoshumores, suprimindo uns a doença e outros a vida, do mesmo modo, <strong>de</strong> entreos discursos, uns há que inquietam, outros que incutem coragem no auditório,outros ainda que, mediante uma funesta persuasão, envenenam e enfeitiçam oespírito”. 26A questão dos po<strong>de</strong>res da linguagem é pois afim do estudo da receptivida<strong>de</strong>da alma, a psicagogia ou arte <strong>de</strong> transmutar as almas a partir da persuasãopor meio do discurso. A temática do logos como phármakon – veneno ou medicamento,consoante o uso – já se encontra <strong>de</strong> resto latente em Empédocles,<strong>de</strong> quem Górgias terá sido discípulo. Com efeito, no fragmento “(...) algunsem busca <strong>de</strong> profecias, enquanto outros apunhalados durante muitos dias pordores agudas, pe<strong>de</strong>m para ouvir a palavra que cura toda a espécie <strong>de</strong> doenças”.27 O logos é visto como entida<strong>de</strong> com po<strong>de</strong>r quase mágico para curar aalma, aplacando também as maleitas físicas.26 . I<strong>de</strong>m, §8 e §14, pp. 43-45. Sobre a concepção gorgiana do logos diz Sardo: “...trata-se<strong>de</strong> um logos que reivindica a sua “condição <strong>de</strong>spótica”, recusando-se <strong>de</strong>sse modo a invocar asraízes da sua legitimida<strong>de</strong>, quer na physis, quer no nomos (...) O mesmo é dizer: um logosque recusa submeter-se a qualquer legalida<strong>de</strong> externa a si mesmo, a qualquer heteronomia – eque a si próprio se rege na invenção das regras que kairologicamente lhe asseguram a eficáciapsicagógica do seu exercício (enquanto instrumento <strong>de</strong> valoração das acções e dos acordoshumanos)”, SARDO, Francisco Beja, Logos e Racionalida<strong>de</strong> na Génese e Estrutura da Lógica<strong>de</strong> Aristóteles, Imprensa Nacional Casa da Moeda, col. Estudos Gerais, 2000, Lisboa, pp.214-215.27 . Kirk, G. S.; Raven, J. E, Os Filósofos Pré-Socráticos, 1966, Fundação Calouste Gulbekian,Lisboa, p. 333.www.labcom.pt✐✐✐✐

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