13.07.2015 Views

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

✐✐✐✐Arquitectónica e Metafísica Evolucionária 237esta sua posição e a <strong>de</strong>marcar-se dos “pragmatismos” emergentes, incluindoa versão do seu bom e fiel amigo James? A questão começa, do meu ponto<strong>de</strong> vista, a complicar-se logo nas páginas seguintes <strong>de</strong> How to Make..., como subtítulo Some Applications of the Pragmatic Maxim. É que ao escolheros seus exemplos, e na formulação que dá ao caso do diamante, Peirce resvalainsensivelmente para uma posição nominalista que mais tar<strong>de</strong> rejeitará,esforçando-se por corrigi-la. Examinemos esses exemplos, as tais aplicaçõesda máxima pragmática.O seu favorito, a que voltará recorrentemente, é o da dureza. Peircequestiona-se sobre o que significa dizer que uma coisa é dura. Ser duro, evi<strong>de</strong>ntemente,significa que não será riscado por muitos outros objectos. Masagora Peirce abandona a formulação condicional e acrescenta: “A totalida<strong>de</strong>da concepção <strong>de</strong>sta qualida<strong>de</strong>, como <strong>de</strong> qualquer outra, resi<strong>de</strong> nos seus efeitosconcebidos”. 10 A consequência <strong>de</strong>sta passagem do condicional ao pretérito éque: “Não existe absolutamente nenhuma diferença entre uma coisa dura euma coisa mole, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não sejam testadas”. 11 Ora, colocada <strong>de</strong>sta formaa questão, não exclui, antes indicia, que uma coisa se resume aos seus efeitospráticos actuais. Consi<strong>de</strong>rar uma coisa a mera soma das suas actualida<strong>de</strong>s éuma disposição excessivamente nominalista, precisamente porque elimina apossibilida<strong>de</strong> do hábito e funcionamento <strong>de</strong> leis ou thirdness, que assim têm<strong>de</strong> ser concebidas como estando na mente do cognoscente, como Peirce maistar<strong>de</strong> admitirá.Outra das consequências <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar que o diamante nunca testado nãoé duro é a negação da continuida<strong>de</strong>, que constitui uma das teses centrais dafilosofia <strong>de</strong> Peirce e perpassa todo o <strong>sistema</strong>. 12 O que é contínuo não po<strong>de</strong>ser reduzido às suas instâncias actuais, e por isso só o condicional serve paraexprimi-lo, <strong>de</strong>ixando no mesmo andamento espaço para a existência <strong>de</strong> hábitose leis. Mas negar a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas leis, reduzir as coisas aos seus efeitosactuais, contradizendo assim a doutrina do contínuo, é, precisamente, afirmara realida<strong>de</strong> do nominalismo – doutrina a que Peirce se refere sempre numaacepção muito lata.10 . “. . . lies in its conceived effects”, Collected Papers, 5.403, ao passo que anteriormente,na máxima propriamente dita, Peirce utilizara “conceivable effects”, efeitos concebíveis.11 . Collected Papers, 5.400.12 . Sobre este aspecto, cf. MOUNCE, H. O., The Two Pragmatisms — from Peirce to Rorty,1997, Routledge, London, p. 40.www.labcom.pt✐✐✐✐

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!