13.07.2015 Views

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

✐✐✐✐80 Anabela Gradimsi que não são representáveis por signos, que são incognoscíveis. Esta pressuposição,para Peirce, não tem qualquer sentido porque, como hipótese comsignificado, tem ela própria <strong>de</strong> aplicar a função da representação sígnica àscoisas em si, e por isso torna-se autocontraditória. Ao ser formulada tal hipótese– existem coisas que não po<strong>de</strong>m ser conhecidas, e sobre as quais nadapo<strong>de</strong>mos, consequentemente, dizer – entra-se imediatamente em contradiçãoperformativa.Esta crítica da “má metafísica” do nominalismo, diz Apel, é combinadacom a crítica do medium quo, doutrina vigente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Agostinho, segundo aqual não conhecemos as coisas no mundo exterior, mas as impressões que elas<strong>de</strong>ixam nos nossos sentidos, os seus efeitos na consciência. A cognição estápor isso <strong>de</strong> alguma forma arredada das coisas em si. Esta visão, comum naAlta Ida<strong>de</strong> Média, implica que a consciência é um receptáculo que tem comoconteúdo signos naturais das coisas, pelo que a existência das coisas exterioresadquire um estatuto problemático. No fundo o “nominalismo” kantianoque Peirce rejeita não anda muito longe <strong>de</strong>sta doutrina, apresentando traçoscomuns com a gnosiologia medieval que se baseia na species e no mediumquo.No entanto, Peirce não po<strong>de</strong> negar em bloco todo este esquema. Aceitao mo<strong>de</strong>lo da afecção dos sentidos pelas coisas exteriores, só que não i<strong>de</strong>ntificaa afecção dos sentidos nessas impressões com a cognição. Em vez disso,dirá que o conhecimento é constituído pela inferência hipotética das coisasdo mundo exterior. O conhecimento consiste assim na “representação” doestado <strong>de</strong> coisas exteriores, que indicam a sua existência numa confrontaçãopsíquico-fisiologicamente palpável <strong>de</strong> sujeito com objecto, e <strong>de</strong>ixam para trásna pluralida<strong>de</strong> confusa das sensações os ícones, signos expressivos qualitativamente,ou semelhanças, da sua natureza particular. A pluralida<strong>de</strong> das impressõessensoriais é transformada em conhecimento quando, pela <strong>de</strong>scoberta<strong>de</strong> um predicado na forma <strong>de</strong> um símbolo interpretado – o interpretante – essasimpressões são reduzidas, através <strong>de</strong> uma inferência hipotética, à unida<strong>de</strong><strong>de</strong> uma proposição sobre o facto externo. Uma percepção nunca é um factosensorial em bruto, pelo contrário, no limite, a percepção é já interpretação,baseia-se numa inferência abdutiva que dota a própria percepção <strong>de</strong> sentido:diz aquilo que ela é, e como <strong>de</strong>vemos percepcioná-la. O exemplo muito felizque Peirce utiliza para esclarecer este ponto são as ilusões <strong>de</strong> óptica. Nenhumaé pura percepção, e consoante a inferência abdutiva <strong>de</strong> base que orienta a viwww.labcom.pt✐✐✐✐

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!