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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐A Dimensão Comunicacional da Semiótica <strong>de</strong> Peirce 47abilitar figuras caras à filosofia tradicional, como a Razão, Verda<strong>de</strong> e Universalida<strong>de</strong>,numa altura em que os relativismos, anarquismos e <strong>de</strong>sconstrucionismosmetodológicos as haviam minado <strong>de</strong> forma extrema. 50 Ora este hábilnavegar entre dois escolhos particularmente ameaçadores instaurados pelacontemporaneida<strong>de</strong> é, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do resultado, um empreendimentocuja gran<strong>de</strong>za não po<strong>de</strong> ser ignorada.Por outro lado, po<strong>de</strong> interpretar-se o nicho teórico a partir do qual Apelerige o seu labor não como um subtil esgueirar entre o dogmatismo e o relativismo,mas como o prolongamento <strong>de</strong> um utopismo da transparência e daperfeita comunicabilida<strong>de</strong> e que sonha ainda e sempre com um universo <strong>de</strong>limpi<strong>de</strong>z e clarida<strong>de</strong> total on<strong>de</strong> a comunicação <strong>de</strong>corre sem atrito, ou com ummundo i<strong>de</strong>al e arquetípico da comunicabilida<strong>de</strong> pura que a vil matéria tentaria,enquanto princípio regulador, copiar 51 .É esta visão que, <strong>de</strong> certa forma, se apresenta mais consentânea com aperspectiva adoptada neste trabalho. 52 De facto, po<strong>de</strong>mos interpretar todo opercurso <strong>de</strong> Apel ainda como vestígio do utopismo racionalista que criticaratão duramente no Positivismo Lógico, constituindo um esquema i<strong>de</strong>al tão puroque, tal como sucedia aliás com o platonismo, apresenta, enquanto fermento<strong>de</strong> praxis, e na sua relação com a acção, dificulda<strong>de</strong>s que Apel não chega adirimir. A fé iluminista no po<strong>de</strong>r re<strong>de</strong>ntor da razão 53 é insuficiente para resolveros embaraços colocados pelo i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> uma fundamentação transcen<strong>de</strong>ntalda ética que extrai o seu sentido da articulação com uma praxis racionalmentefundada.50 . Gilbert Hottois, e muito bem, chama precisamente a atenção para este ponto no seuDu sens commun à la société <strong>de</strong> communication – Étu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> philosophie du langage (Moore,Wittgenstein, Wisdom, Hei<strong>de</strong>gger, Perelman, Apel), 1989, Librairie Philosophique Jean Vrin,Paris, p. 191 e ss.51 . De facto, nada é mais revelador para compreen<strong>de</strong>r as complicadas relações entre a Comunida<strong>de</strong>I<strong>de</strong>al e a Comunida<strong>de</strong> Real <strong>de</strong> Comunicação estabelecidas por Apel do que a Alegoriada Caverna platónica, da qual po<strong>de</strong>m ser interpretadas sem esforço como uma reactualização.A temática da interpretação apeleana como nostalgia do logos e <strong>de</strong> um universo <strong>de</strong> perfeitatransparência foi abordada por Gianni Vattimo.52 . E que acaba também por convergir com as conclusões <strong>de</strong> Gibert Hottois, que acusaráApel <strong>de</strong> no final da sua carreira ce<strong>de</strong>r ao teoretismo, monologismo e racionalismo dogmáticocontra os quais, precisamente, começara por a construir.53 . Hottois, como já vimos, irá mais longe dizendo que se trata <strong>de</strong> uma reincidência no“teoretismo”.www.labcom.pt✐✐✐✐

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