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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐166 Anabela Gradimem parte <strong>de</strong>vido à ambiguida<strong>de</strong> histórica que ro<strong>de</strong>ia o nascimento do conceito,e às dificulda<strong>de</strong>s que os tradutores e estudiosos medievais <strong>de</strong> Aristóteles enfrentaram,em parte <strong>de</strong>vido às variadas acepções que a categoriologia foi tomandoconsoante os autores. 27 Também Peirce estava ciente <strong>de</strong>ssa in<strong>de</strong>terminaçãoque pesa sobre o conceito, quando aconselha que a i<strong>de</strong>ia seja por longotempo ruminada, e cresça na mente sob a acção intensa do pensamento, atéque o fruto <strong>de</strong>sse paciente trabalho possa ser colhido. 28Como muito bem nota Fernando Gil, “pensamento categorial é uma noçãointrinsecamente, senão incorrigivelmente, imprecisa”, <strong>de</strong> forma que “fixar <strong>de</strong>finitivamentea natureza do pensamento categorial” parece menos a<strong>de</strong>quadodo que <strong>de</strong>finir o quadro on<strong>de</strong> se explicitam os seus limites e operativida<strong>de</strong>. 29Em todo o caso, é útil a excelente caracterização, <strong>de</strong> sabor kantiano, que <strong>de</strong>lasfaz Gil, tomando-as como representações da experiência, ou critérios queor<strong>de</strong>nam a distribuição e or<strong>de</strong>nação da experiência, numa activida<strong>de</strong> classificatória<strong>de</strong> tal modo primária que é já operativa no reconhecimento e representaçãosensíveis. Neste contexto, <strong>de</strong>fine-se simultaneamente a sua função comolimitadora e geradora <strong>de</strong> pregnâncias cognitivas, ou organizadora do real. Ascategorias assumem assim um duplo papel: por um lado o <strong>de</strong> quebrar a indiferenciaçãoda totalida<strong>de</strong> sem a qual o ser não se distinguiria na sua múltiplacomplexida<strong>de</strong>, e neste sentido serão “antidogmáticas”; por outro, ao forneceremquadros hierarquizadores da experiência, fixam “limites à percepção davarieda<strong>de</strong>”, restringindo as estratégias cognitivas e constituindo, no campo doacesso à experiência, paradigmas que não po<strong>de</strong>m ser ultrapassados.De certa forma, é este o percurso que Peirce trilhará. Sendo realistas eontológicas, as suas categorias são também formas da experiência doadoras<strong>de</strong> sentido. Este trânsito do lógico para o ontológico, que <strong>de</strong> resto porta se-27 . Como exemplos <strong>de</strong> pólos contemporâneos dos dois extremos: Hartmann consi<strong>de</strong>ra as categoriascomo estruturas necessárias do ser que produzem a estratificação do mundo, ao passoque o positivismo lógico se refugiará numa posição eminentemente nominalista, consi<strong>de</strong>randoasmeramente “regras convencionais que regem o uso <strong>de</strong> conceitos”, cf. ABBAGNANO, Nicola,“Categoria”, Dicionário <strong>de</strong> Filosofia, Martins Fontes, S. Paulo, 1998, vol 1, p. 123.28 . Cf. Collected Papers, 1.521.29 . “Uma vez mais se <strong>de</strong>clararia que convém unicamente elucidar, por referência a cadacategorização, o alcance operatório das categorias. E sem dúvida existe uma margem <strong>de</strong> relativida<strong>de</strong>em qualquer teoria das categorias: elas instalam-se e circulam entre o sintáctico e osemântico e são o testemunho <strong>de</strong> um pensamento construtivo”, GIL, Fernando, “Categorizar”,Enciclopédia Einaudi, vol. 41 – Conhecimento, sd, Imprensa Nacional Casa da Moeda, p. 57.www.labcom.pt✐✐✐✐

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