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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐A Dimensão Comunicacional da Semiótica <strong>de</strong> Peirce 125lar, pois que a tese <strong>de</strong> que a lógica, por via da hermenêutica ou da interpretaçãosígnica, pressupõe a ética, não leva em conta que qualquer fundamentação jápressupõe a valida<strong>de</strong> da lógica. Consequentemente, uma fundamentação racionalquer da ética quer da lógica parece <strong>de</strong> todo impossível.A resposta <strong>de</strong> Apel a esta objecção, pertinente aten<strong>de</strong>ndo aos pressupostosem que é colocada, é um refinamento semântico daquilo que enten<strong>de</strong> por“fundamentação fundamental”. Esta não <strong>de</strong>ve ser interpretada como “uma <strong>de</strong>duçãono quadro <strong>de</strong> um <strong>sistema</strong> axiomático” pois que a sê-lo “con<strong>de</strong>naria anossa tentativa <strong>de</strong> fundamentar a ética”. 18A tese <strong>de</strong> Apel a este respeito é que quando se estabelece que algo nãopo<strong>de</strong> ser fundado, porque é pré-condição para a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> qualquerfundação, então está-se a pôr em prática um tipo <strong>de</strong> “reflexão transcen<strong>de</strong>ntal”que é a única resposta possível a esta questão da fundação, e que acaba porcumpri-la, embora não no quadro <strong>de</strong> uma formalização axiomatizante, preconceitoque é ainda uma contaminação cientista. “Uma fundação reflexivaúltima consiste em reenviar aquele que afirma qualquer coisa ou a põe emquestão àquilo que ele não po<strong>de</strong> – sob pena <strong>de</strong> autocontradição performativa– pôr em questão ou contestar, porque <strong>de</strong>ve tomá-lo em consi<strong>de</strong>ração no acto<strong>de</strong> argumentação ele próprio, qualquer que seja a posição que tome. É nestesentido expressamente metodológico que a argumentação (...) é inultrapassávelpor toda a pessoa que argumenta e por toda a pessoa que pensa. E aquiloque é inultrapassável pela argumentação, isso é fundado <strong>de</strong> maneira última,no sentido pragmático-transcen<strong>de</strong>ntal”. 19Pormenorizemos. Apel <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que o fracasso em constituir a “reflexãotranscen<strong>de</strong>ntal” como método especificamente filosófico e dotado <strong>de</strong> valida<strong>de</strong>intrínseca se <strong>de</strong>ve a uma redução diádica induzida pela filosofia analítica, eà abstracção da dimensão pragmática da discussão. Esta perspectiva naturalmenteredutora encara o problema <strong>de</strong> uma “fundamentação última” em termos<strong>de</strong> pressuposições sintáctico-semânticas das proposições. Neste quadro, o sujeito<strong>de</strong> discussão é elidido e “como resultado, não há possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reflexão18 . In APEL, Karl-Otto, Towards a Transformation of Philosophy, 1980, Routledge & KeganPaul, London, p. 263. “. . . This argument would in<strong>de</strong>ed con<strong>de</strong>mn our attempt at a “groundingof ethics” to failure if one had to interpret “fundamental grounding” in philosophy as <strong>de</strong>ductionwithin the framework of an axiomatic system”.19 . APEL, Karl-Otto, Éthique <strong>de</strong> la Discussion, 1994, Humanités, Les Éditions du CERF,Paris, p. 41.www.labcom.pt✐✐✐✐

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