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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐118 Anabela GradimA problemática que dá o tom ao <strong>de</strong>bate sustentado durante o ensaio resi<strong>de</strong>,segundo Apel, no paradoxo que habita a condição mo<strong>de</strong>rna: a contradiçãoentre a necessida<strong>de</strong>, e a “aparente impossibilida<strong>de</strong>” <strong>de</strong> uma fundação racional 3da ética nas mo<strong>de</strong>rnas socieda<strong>de</strong>s industriais. O problema é tanto mais agudoquanto, nesta “era científica”, o <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico e o domínio<strong>de</strong> meios <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> massa <strong>de</strong>mandam uma responsabilização colectivapelo futuro comum da humanida<strong>de</strong>.A relação entre ciência e ética apresenta assim, diz Apel, um carácterparadoxal: é hoje mais urgente do que nunca fundar uma ética universal e,simultaneamente, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma fundação racional <strong>de</strong> tal ética nuncapareceu tão distante como nos dias que correm 4 .A razão apontada para tal estado <strong>de</strong> coisas é dupla: a era científica quevivemos implantou com assinalável sucesso a noção cientista <strong>de</strong> uma objectivida<strong>de</strong>totalmente livre <strong>de</strong> valores a que uma ética geral não po<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>r;e a noção <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> intersubjectiva foi <strong>de</strong>sacreditada por essa ciência,e é hoje objecto <strong>de</strong> julgamento <strong>de</strong>missivo a priori. O cientismo positivista,com a sua <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> um paradigma <strong>de</strong> racionalida<strong>de</strong> axiologicamente neutro,oblitera as questões morais, remetendo-as para o campo da <strong>de</strong>cisões privadas,que pertencem aos domínios humil<strong>de</strong>s do emotivismo e irracionalismo. 5apreço, L’éthique a l’age <strong>de</strong> la science – l’a priori <strong>de</strong> la communauté communicationnelle etles fon<strong>de</strong>ments <strong>de</strong> l’éthique, 1987, Presses Universitaires <strong>de</strong> Lille, p. 10.3 . “Rational foundation”, no original. Ao longo do ensaio Apel referirá também abundantementeas expressões “rational” ou “fundamental grounding”, aproximadamente com o mesmosentido. Em geral, ao longo do trabalho, optou-se por traduzir “foundation” por “fundação”e “grounding” por “fundamentação”. Consi<strong>de</strong>ra-se, porém, que o <strong>de</strong>slize semântico entre ume outro termo é mínimo, e que eles po<strong>de</strong>m ser tomados como equivalentes. Apenas a últimaexpressão é um pouco mais activa do que a primeira.4 . MacIntyre constata também isto mesmo, <strong>de</strong>dicado um capítulo inteiro do seu After Virtueao “emotivismo cotemporâneo”, emotivismo esse que correspon<strong>de</strong>, em traços largos, aodiagnóstico aqui traçado por Apel. Cf. MACINTYRE, Alasdair, 1981, After Virtue – A Studyin Moral Theory, General DuckWorth & Co., London.5 . “On sait que la situation <strong>de</strong> la philosophie dans la premiére moitié du XXe siécle reflétaitcette constellation paradoxale <strong>de</strong> maniére on ne peut plus fidéle : d’un côté, on trouvait lesvarietés du sciento-positivisme, qui étaient orientés en fonction du paradigme <strong>de</strong> rationalité<strong>de</strong> la science axiologiquement neutre (. . . ) Dans ce perspective, les valeurs et les normes<strong>de</strong> la morale ne pouvaient être conçues que comme une affaire <strong>de</strong> sentiment ou <strong>de</strong> décisionsirrationels, bref : que comme une affaire privée – comme la religion. Et c’est précisement àces confins <strong>de</strong> la rationalité procédurale publiquement reconnue que pouvaient entrer en jeu,en tant qu’instances complémentaires <strong>de</strong> la philosophie du sciento-positivisme, les varietéswww.labcom.pt✐✐✐✐

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