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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐Ética e heteronomia 407Como se resolvem as gran<strong>de</strong>s crises, as questões <strong>de</strong> importância vital? Deliberaçãoracional, tal como no inquérito científico? Para Peirce, nada disso,mas o seu oposto: em todas essas questões <strong>de</strong>ve o homem pedir socorro aosentimento ou instinto, porque este raramente se engana e a simples observaçãomostra que quase nunca falha.A exploração conduzida em torno das Ciências Normativas ajudará a perceberporque esta <strong>de</strong>fesa do recurso ao sentimento nas questões vitais, quePeirce apelida <strong>de</strong> sentimentalismo, critical common sensism e conservadorismosentimental, 8 não é compatível com uma <strong>de</strong>fesa do irracionalismo oudo “emotivismo ético” contemporâneo: pelo contrário, submete-se aos ditamesda própria razão e é, nesse sentido, a posição mais racional possível.A lecture começa, muito apropriadamente, por reforçar convictamente aseparação estrita entre teoria e praxis, 9 pois em filosofia , “tocando, comotoca, temas que são, e <strong>de</strong>veriam ser, sagrados para nós, o investigador quenão permaneça afastado <strong>de</strong> toda a intenção <strong>de</strong> produzir aplicações práticasnão apenas obstruirá o avanço da ciência pura, mas, o que será infinitamentepior, porá em perigo a sua própria integrida<strong>de</strong> moral e a dos seus leitores”. 10Devido ao estado <strong>de</strong> relativo atraso da filosofia, esta não <strong>de</strong>veria nunca seraplicada à religião ou à conduta. Não que tal influência sobre a religião oumoralida<strong>de</strong> não possa vir a exercer-se, mas ela só é admissível “com secularlentidão e a mais conservadora cautela”. 11Em ciência a lógica e a forma <strong>de</strong> produzir raciocínios correctos são o únicotipo <strong>de</strong> activida<strong>de</strong> que po<strong>de</strong> ser admitida pelo cientista, mas Peirce é cépticoquanto ao seu valor em moral. Na conduta da vida “temos <strong>de</strong> distinguir entreassuntos quotidianos, e gran<strong>de</strong>s crises. Nas gran<strong>de</strong>s questões, não acreditoque seja seguro confiar na nossa razão individual. Nos assuntos quotidianos<strong>Charles</strong> San<strong>de</strong>rs, Reasoning and the Logic of Things, ed. KETNER, Kenneth Laine, HarvardUniversity Press, 1992, Cambridge, Massachusetts, p. 25. Cf. também a menção <strong>de</strong> Peirce aocaso in Collected Papers, 1.622.8 . “But what after all is sentimentalism? It is an ism, a doctrine, namely the doctrinethat great respect should be paid to the natural judgments of the sensible heart. This is whatsentimentalism precisely is. . . ”, Collected Papers, 6.292.9 . “I stand before you an Aristotelian and a scientific man, con<strong>de</strong>mning with the wholestrength of conviction the Hellenic ten<strong>de</strong>ncy to mingle philosophy and practice”, CollectedPapers, 1.618.10 . Collected Papers, 1.619.11 . Collected Papers, 1.620.www.labcom.pt✐✐✐✐

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