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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐A Dimensão Comunicacional da Semiótica <strong>de</strong> Peirce 151a verda<strong>de</strong> será alcançada. Este é o cerne do falibilismo peirceano: admiteo carácter hipotético e falível das proposições científicas, e simultaneamentejustifica a valida<strong>de</strong> e necessida<strong>de</strong> das três formas <strong>de</strong> inferência que produzemo juízo sintético, a forma do conhecimento científico. O processo sintético<strong>de</strong> inferência é válido, assim, a longo prazo, no seio <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> quechega a acordo sobre aquilo que o real é.Apel agarra neste falibilismo metódico, transpondo-o para arquitectónicae funcionamento da sua ética do discurso. Quando Apel coloca as pressuposiçõesnecessárias à participação numa comunida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> comunicação– nomeadamente da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> chegar a um consenso quanto à resoluçãodos problemas –, remetendo a questão dos conteúdos normativos para aparte histórico-situacional da sua ética, on<strong>de</strong> as normas são falíveis, mas nãoo é o princípio <strong>de</strong> procedimento, que é válido incondicionalmente e pertenceà parte A ou fundacional da ética do discurso, está, nada mais nada menosque a aplicar o método peirceano e a sua transformação semiótica das condições<strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> da experiência kantianas ao modo <strong>de</strong> funcionamentoda ética, para o qual já tomara emprestado, como viramos, a própria noção<strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>, que em Peirce substitui o sujeito transcen<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> ciência, eem Apel o sujeito solipsista caro à metafísica tradicional, cujos pressupostosa hermenêutica minara irremediavelmente.Assim como Peirce intenta uma transformação pragmático-transcen<strong>de</strong>ntalda teoria do conhecimento kantiana, fornecendo-lhe uma nova fundamentação,Apel tenta idêntica transformação pragmático-transcen<strong>de</strong>ntal da suaética, fornecendo-lhe um tipo <strong>de</strong> fundamentação que escapara a Kant na Críticada Razão Prática, on<strong>de</strong> abandona a veleida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma fundamentaçãotranscen<strong>de</strong>ntal a favor <strong>de</strong> um faktum evi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> razão que é a inultrapassabilida<strong>de</strong>mas também in<strong>de</strong>monstrabilida<strong>de</strong> da lei moral. 7979 . “A lei moral também nos é dada, <strong>de</strong> certo modo, como facto (Faktum) da razão pura,<strong>de</strong> que somos conscientes a priori e que é apodicticamente certo, supondo mesmo que nãose pu<strong>de</strong>sse encontrar na experiência exemplo algum em que ela fosse exactamente observada.Por conseguinte, a realida<strong>de</strong> objectiva da lei moral não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>monstrada por nenhuma<strong>de</strong>dução, nem por todo o esforço da razão teórica, especulativa ou empiricamente sustentada; e,por consequência, mesmo que se quisesse renunciar à certeza apodíctica, também não po<strong>de</strong> serconfirmada pela experiência e assim ser <strong>de</strong>monstrada a posteriori; e, apesar <strong>de</strong> tudo, mantémsefirme por si mesma”, KANT, Immanuel, Crítica da Razão Prática, col. Textos Filosóficos,Edições 70, trad. MORÃO, Artur, 1999, Lisboa, pp. 59-60.www.labcom.pt✐✐✐✐

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