13.07.2015 Views

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

✐✐✐✐38 Anabela Gradimtinham a convicção <strong>de</strong> que sintaxe e semântica podiam dar conta da linguagemda ciência, e que o estudo da dimensão pragmática pertencia, <strong>de</strong> facto, àpsicologia empírica, Morris apercebeu-se <strong>de</strong> que esta se trata não só <strong>de</strong> umadisciplina semiótica <strong>de</strong> pleno direito, como <strong>de</strong> que, na questão da verificabilida<strong>de</strong>e da fixação da moldura semântica dos termos <strong>de</strong> qualquer linguagemcientífica, é imprescindível recuar até ao ponto on<strong>de</strong> os sujeitos <strong>de</strong>finemintersubjectivamente esse valor. Apesar das aparências, sintaxe e semânticacarecem <strong>de</strong> uma real “autonomia”, pois as regras sintácticas e semânticas <strong>de</strong>que se faz uso em tais domínios têm <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finidas no âmbito <strong>de</strong> “hábitos <strong>de</strong>uso dos signos”, por “utilizadores concretos <strong>de</strong>sses signos”, isto é, têm <strong>de</strong> serfixadas pragmaticamente. 31Também o segundo Wittgenstein tornará patente, nas Investigações Filosóficas,que não é possível a um indivíduo isolado seguir uma regra, nem, tãopouco, que possa existir algo como uma linguagem privada 32 – é sempre necessário,relativamente a um jogo <strong>de</strong> linguagem dado, recuar, mudar <strong>de</strong> “nívelsemiótico”, para empregar a terminologia <strong>de</strong> Morris, e tratar tal linguagemcomo linguagem objecto. E isso, como Wittgenstein torna visível, <strong>de</strong>mandaacordo pragmático dos sujeitos. “Como é que <strong>de</strong>signo as minhas sensaçõescom palavras? Assim, como o fazemos habitualmente? Neste caso, a minhalinguagem não é “privada”. Uma outra pessoa podia compreendê-la, tal como31 . “If pragmatical factors have appeared frequently in pages belonging to semantics, it isbecause the current recognition that syntactics must be supplemented by semantics has notbeen so commonly exten<strong>de</strong>d to the recognition that semantics must in turn be supplementedby pragmatics. It is true that syntactics and semantics, singly and jointly, are capable of arelative high <strong>de</strong>gree of autonomy. But syntactical and semantical rules are only the verbalformulations within semiotic of what in any concrete case of semiosis are habits of sign usageby actual users of signs. “Rules of sign usage” like “sign” itself, is a semiotical term and cannotbe stated syntactically or semantically”, in MORRIS, <strong>Charles</strong>, “Foundations of the Theory ofSigns”, in Foundations of the Unity of Science – Toward an International Encyclopedia ofUnified Science, ed. NEURATH et all., vol. I, 1955, The University of Chicago Press, p. 107.32 . “Porque é que a minha mão direita não po<strong>de</strong> dar dinheiro à minha mão esquerda? Aminha mão direita po<strong>de</strong> passá-lo para a minha mão esquerda. (...) Mas as consequênciaspráticas ulteriores não seriam as <strong>de</strong> uma doação. Por exemplo: se a mão esquerda tirasse odinheiro à mão direita, diriamos “Sim, e daí?”. E esta mesma pergunta po<strong>de</strong>ria ser posta auma pessoa que se tivesse dado uma <strong>de</strong>finição privada <strong>de</strong> uma palavra; isto é, a uma pessoaque diz a palavra para si própria e concentra a sua atenção numa sensação”, WITTGENSTEIN,Ludwig, Tratado Lógico-Filosófico e Investigações Filosóficas, trad. LOURENÇO. M. S.,1987, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, §268, p. 346.www.labcom.pt✐✐✐✐

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!