13.07.2015 Views

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

✐✐✐✐Arquitectónica e Metafísica Evolucionária 227nhuma expressão numérica po<strong>de</strong> ser perfeitamente verda<strong>de</strong>ira”, 59 mas po<strong>de</strong>ser in<strong>de</strong>finidamente perfectibilizada: basta calcular um pouco mais. Esta é,pelo menos, a interpretação do conceito <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> que se me oferece após aleitura dos escritos. Em The Road of Inquiry Peter Skagestad levanta a questão,colocada por alguns intérpretes <strong>de</strong> Peirce, e <strong>de</strong>fendida nomeadamente porRussel, <strong>de</strong> que a verda<strong>de</strong> peirceana não seja um limite regulador, mas algo queuma comunida<strong>de</strong> concreta alcançará num dado momento, e <strong>de</strong>scarta-a.Também me parece muito claro, a partir dos textos, que a verda<strong>de</strong> irá seralcançada por uma comunida<strong>de</strong>, que <strong>de</strong>mais é dita não ter limites <strong>de</strong>finidos eprosseguir interminavelmente o seu inquiry, e portanto não será alcançável hicet nunc; algo que não se alcança, mas que se vai continuamente alcançando,passe o paradoxo. Acresce a isto que o próprio Peirce quando fala <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>em termos <strong>de</strong> catholic consent <strong>de</strong>scarta a sua aplicabilida<strong>de</strong> aqui e agora porqualquer grupo <strong>de</strong> homens, ou mesmo todos os homens. “O consenso católicoque constitui a verda<strong>de</strong> não <strong>de</strong>ve <strong>de</strong> nenhum modo ser limitado aos homensnesta vida terrena, ou à raça humana, mas esten<strong>de</strong>-se à totalida<strong>de</strong> da comunhão<strong>de</strong> mentes à qual pertencemos, incluindo algumas provavelmente cujossentidos são muito diferentes dos nossos”. 60No mesmo passo Peter Skagestad ressalta que parecem coexistir nos escritosduas versões distintas <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>: uma, <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> lógica enquantocorrespondência que é objecto <strong>de</strong> consensus omnium, e que Peirce incluiriapara agradar ao espírito dos tempos; e a concepção <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> como limitei<strong>de</strong>al inalcançável. Por minha parte não vejo qualquer contradição entre asduas versões, e nem creio que Peirce, personagem tão pouco convencional,fosse tentado a ce<strong>de</strong>r às modas da época. Pelo contrário. Em vez <strong>de</strong> dualismo,parece-me muito plausível a hipótese <strong>de</strong> uma complementarida<strong>de</strong> entreas duas formulações, e julgo que a presente exposição po<strong>de</strong> contribuir paratornar esse ponto mais claro.É verda<strong>de</strong>iro o que é objecto <strong>de</strong> consensus omnium porque faz parte <strong>de</strong>sseconsenso a confissão da sua própria falibilida<strong>de</strong>, e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> in<strong>de</strong>finidoprogresso em direcção ao verda<strong>de</strong>iro enquanto princípio regulador ehorizonte intangível orientador das práticas humanas. Nesta articulação verda<strong>de</strong>lógica/verda<strong>de</strong> como limite i<strong>de</strong>al, só po<strong>de</strong> ser verda<strong>de</strong>iro aquilo que em59 . Collected Papers, 5.565.60 . PEIRCE, <strong>Charles</strong> San<strong>de</strong>rs, Writings of <strong>Charles</strong> San<strong>de</strong>rs Peirce: A Chronological Edition,vol. 2, ed. FISCH, Max, et al., Bloomington, Indiana University Press, p.470.www.labcom.pt✐✐✐✐

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!