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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐452 Anabela Gradimindivíduo <strong>de</strong>verá prosseguir a sua busca da boa vida para o homem que é, jáse sabe, a vida passada na busca da boa vida para o homem.A questão mais pertinente que aqui me parece colocar-se é que MacIntyreé <strong>de</strong>masiado vago no esquema que propõe. Afinal, <strong>de</strong> que comunida<strong>de</strong>s falamosaqui? Ruas, bairros, freguesias, al<strong>de</strong>ias, cida<strong>de</strong>s, distritos, países oucontinentes? Um convicto emotivista dirá que este revivalismo aristotélico sóé possível no seio <strong>de</strong> uma família, on<strong>de</strong>, aliás, em condições normais, nunca<strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser praticado. Por isso é que só neste caso se conseguem configurarsatisfatoriamente na prática as propostas <strong>de</strong> MacIntyre. Agora o que <strong>de</strong>finee <strong>de</strong>limita uma comunida<strong>de</strong> mais vasta, como aquelas <strong>de</strong> que fala, é questãofundamental a que MacIntyre não respon<strong>de</strong>.Também não consegue resolver satisfatoriamente o problema da incomensurabilida<strong>de</strong>e <strong>de</strong> como, a partir do interior <strong>de</strong> uma tradição, ter acesso a outrasnão ficando preso <strong>de</strong> um relativismo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> um dado registo histórico.É que é difícil compreen<strong>de</strong>r como po<strong>de</strong> um indivíduo, se é formado e moldadopor <strong>de</strong>terminada tradição, conseguir sair verda<strong>de</strong>iramente fora do seu ponto <strong>de</strong>vista para avaliar outros, e quando o faz, já se encontra num registo on<strong>de</strong> o telosdoador <strong>de</strong> racionalida<strong>de</strong> e sentido à acção, <strong>de</strong>sapareceu, retornando, pois,à conjuntura própria do emotivismo que, precisamente, preten<strong>de</strong> esconjurar.Outro ponto pouco claro pren<strong>de</strong>-se com as relações das comunida<strong>de</strong>s entresi. Como vão estas comunida<strong>de</strong>s fechadas relacionar-se se a questão da incomensurabilida<strong>de</strong>não foi resolvida? Ignorar-se-ão? Cada vez mais, nos dias <strong>de</strong>hoje, esta hipótese parece implausível. Para resolver a questão seria necessárioexistir, pelo menos, uma noção comum e universal <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados valoresbásicos. É por isso que a noção <strong>de</strong> virtu<strong>de</strong> exclusivamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> práticase tradições, e <strong>de</strong> télê, locais é algo redutora: é necessário um mínimo<strong>de</strong>nominador comum <strong>de</strong> valores partilhados, à volta dos quais se po<strong>de</strong>riamentão <strong>de</strong>senvolver formas locais e particulares <strong>de</strong> moralida<strong>de</strong> e virtu<strong>de</strong>.Sem esses valores universais e indiscutivelmente válidos, sem um telosuniversal que funcione como i<strong>de</strong>al regulador das práticas concretas, temos quesocieda<strong>de</strong>s como a Alemanha nazi ou o Iraque <strong>de</strong> antes da primeira guerra doGolfo po<strong>de</strong>m ser validados por uma Ética das Virtu<strong>de</strong>s, e se po<strong>de</strong>m facilmenteconstituir como mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> impera e funciona na perfeiçãoeste revivalismo aristotélico. Senão veja-se: estamos perante comunida<strong>de</strong>sfortemente unidas em torno <strong>de</strong> certos fins comuns e <strong>de</strong> uma mundividênciaque enraíza directamente numa tradição local que recua até mitos fundadoreswww.labcom.pt✐✐✐✐

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