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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐A Dimensão Comunicacional da Semiótica <strong>de</strong> Peirce 71A revolução operada no entendimento kantiano do mundo e da experiênciatambém são <strong>de</strong> mol<strong>de</strong> a garantir a Peirce um lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque no <strong>de</strong>bate filosóficocontemporâneo. Esta materializa-se na crítica do nominalismo ocultono kantismo, que segue a par da sua visão realista dos universais. O nominalismoconvencionalista tem <strong>de</strong> pressupor a existência <strong>de</strong> coisas em si incognoscíveis.Ora Peirce vai consi<strong>de</strong>rar esta pressuposição supérflua. O quefaz, no fundo, é aceitar todo o kantismo, expurgando-o, através da máximapragmatista, <strong>de</strong> tal “má metafísica”. 10 Ao conceber o real como aquilo queé cognoscível, Peirce abre caminho para a metafísica realista e evolucionistaque o afastará <strong>de</strong>finitivamente <strong>de</strong> Kant. Como diz Apel, a máxima pragmatistaque opera ao nível da crítica do significado não tem apenas o papel negativo<strong>de</strong> expor as questões que carecem <strong>de</strong> significado, nem resolve, por si só, osproblemas filosóficos, mas abre caminho para que possam ser resolvidos.Com base nestes pressupostos, Apel <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rá que Peirce opera uma transformaçãosemiótica e pragmático-transcen<strong>de</strong>ntal da lógica do conhecimentokantiana numa lógica da investigação. A inovação característica <strong>de</strong>ssa lógicada investigação não é encarada como um retorno a um realismo ou i<strong>de</strong>alismometafísicos, mas antes como um postulado crítico do significado, enquadradonuma transformação semiótica da lógica transcen<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> Kant. Essa transformação,diz Apel, dá-se quando Peirce substitui o conceito <strong>de</strong> “coisa em siincognoscível”, pelo conceito do “infinitamente cognoscível”, substitui o conceito<strong>de</strong> um “sujeito transcen<strong>de</strong>ntal”, a síntese transcen<strong>de</strong>ntal da apercepçãokantiana do conhecimento, pelo conceito da “comunida<strong>de</strong> in<strong>de</strong>finida” enquantosujeito da “opinião final”, e, finalmente, substitui a <strong>de</strong>dução transcen<strong>de</strong>ntal,isto é, a justificação <strong>de</strong> juris dos princípios a priori do conhecimento pela <strong>de</strong>duçãotranscen<strong>de</strong>ntal da valida<strong>de</strong> a longo prazo dos três modos <strong>de</strong> inferênciaque tornam a cognição possível.Para Apel, Peirce soluciona assim <strong>de</strong> uma forma inteiramente nova a questãocentral dos fundamentos da valida<strong>de</strong> do conhecimento, orientando a suaresposta no sentido <strong>de</strong> uma lógica <strong>de</strong> pesquisa normativa e semiótica. Qualquerfilosofia transcen<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong>ve pressupor condições <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> e valida<strong>de</strong>do conhecimento necessárias e universalmente válidas. Com a resposta10 . O pragmatismo como anti-representacionismo é o tema central do trabalho <strong>de</strong> JohnMurphy, e nele a questão da rejeição da “coisa em si” e a sua ligação estreita à máxima pragmatistaé abordada com inexcedível clareza. Cf. MURPHY, John, O Pragmatismo – De Peircea Davidson, 1993, col. Argumentos, Edições Asa, Porto.www.labcom.pt✐✐✐✐

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