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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐122 Anabela Gradim4.1 Hermenêutica e valida<strong>de</strong> intersubjectivaA estratégia <strong>de</strong> Apel para lidar com o paradoxo é, ao invés <strong>de</strong> o pôr emcausa, aceitá-lo, radicalizando-o maximamente. A sua proposta, para funcionarcomo solução, é que é necessário supor a valida<strong>de</strong> intersubjectiva <strong>de</strong>normas morais, uma minima moralia, como condição <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> da própriaobjectivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tipo científico – aquela precisamente que parece negar aexequibilida<strong>de</strong> da valida<strong>de</strong> intersubjectiva <strong>de</strong> uma norma moral básica.Esta linha <strong>de</strong> argumentação <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que até a objectivida<strong>de</strong> tipicamentecientífica e valorativamente neutra pressupõe a valida<strong>de</strong> intersubjectiva <strong>de</strong> normasmorais, uma ética básica que todos os participantes na discussão têm <strong>de</strong>acolher. Essa ética é pré-condição <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> da própria lógica e objectivida<strong>de</strong>científicas.O instrumento privilegiado a utilizar neste recolocar, em novos termos,da “questão paradoxal” que o ocupa será a hermenêutica. Com efeito, Apelretoma aqui a questão wittgensteiniana da impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma linguagemprivada 12 para asserir que a lógica e a ciência <strong>de</strong>mandam como pré-condiçãoa ética. O que o tema wittgensteiniano sugere é que nenhum argumento, nenhumpensamento e nenhum conhecimento científico são válidos se não foremtestados no interior <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação, pois tem pelo menos<strong>de</strong> existir acordo sobre o significado e valida<strong>de</strong> dos termos usados no interiorda comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> scholars, ainda antes <strong>de</strong> ser possível com essa linguagem,seja lógica, matemática, ou técnica, produzir algo.Neste tema radica a fundação da ética apeleana. A existência <strong>de</strong> pensamento,que seria completamente <strong>de</strong>stituído <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> no quadro <strong>de</strong> umalinguagem privada, supõe então uma comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação, sugerindouma “norma moral básica” pela qual todos os membros <strong>de</strong>ssa comunida<strong>de</strong> sereconhecem como participantes na discussão em curso. 1312 . Problemática já observada com mais <strong>de</strong>talhe neste trabalho. Cf. p. 22 e ss.13 . “...la validité intersubjective <strong>de</strong> la connaissance scientifique axiologiquement neutre(donc l’objectivité) est elle-même impossible sans présupposer simultanément une communautélangagiére et communicationnelle, et, corollairement, la relation sujet-cosujet, relationnormativement non neutre. Par suite, il <strong>de</strong>vient clair que la science axiologiquement neutreprésuppose elle-même necéssairement, dans la rélation sujet-cosujet <strong>de</strong> la communauté <strong>de</strong> scientifiques,relation complémentaire <strong>de</strong> la relation sujet-objet, une éthique normative. (. . . ) Cequi est complémentaire <strong>de</strong> l’objectivité <strong>de</strong> la science ce n’est pas – ou pas seulement – la subjectivité<strong>de</strong> la décision axiologique irrationelle mais – également – la validité intersubjective <strong>de</strong>www.labcom.pt✐✐✐✐

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