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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐438 Anabela GradimPor outro lado, num outro sentido, cada vez se torna mais comum a substituiçãoda teleologia aristotélica ou cristã por uma <strong>de</strong>finição das virtu<strong>de</strong>s emtermos das paixões. Escritores que no século XVIII escrevem sobre as virtu<strong>de</strong>srelacionando-as com as paixões tratam a socieda<strong>de</strong> como uma arena on<strong>de</strong>os indivíduos procuram assegurar o que lhes é útil ou agradável. Excluem entãoda sua perspectiva a concepção da socieda<strong>de</strong> como uma comunida<strong>de</strong> unidanuma visão partilhada do bem para o homem, e consequentemente como práticapartilhada das virtu<strong>de</strong>s.A ser verda<strong>de</strong> que a linguagem da moralida<strong>de</strong> está em estado <strong>de</strong> grave<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m, que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a teleologia aristotélica e medieval foi rejeitada os filósofostêm tentado fornecer uma alternativa racional e secular da moralida<strong>de</strong>,e que foi Nietzsche a aperceber-se da verda<strong>de</strong>ira amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse fracasso, aquestão coloca-se inevitável: Nietzsche ou Aristóteles?MacIntyre está convencido <strong>de</strong> que a moralida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna só é inteligívelcomo um conjunto <strong>de</strong> fragmentos sobreviventes da tradição aristotélica, e arejeição <strong>de</strong>sta tradição foi a rejeição <strong>de</strong> uma moral na qual as regras tomamo seu lugar num esquema mais vasto, on<strong>de</strong> as virtu<strong>de</strong>s encontram um lugarcentral. Logo, a refutação nietzscheana das mo<strong>de</strong>rnas moralida<strong>de</strong>s normativasnão po<strong>de</strong> esten<strong>de</strong>r-se à primitiva tradição aristotélica.O homem nietzscheano não estabelece relações mediadas pelo apelo a padrõespartilhados <strong>de</strong> virtu<strong>de</strong>s ou bens, ele é a sua própria autorida<strong>de</strong> e dota-secom a sua própria lei. Excluir-se da activida<strong>de</strong> partilhada é isolar-se das comunida<strong>de</strong>sque encontram o seu objectivo em tais activida<strong>de</strong>s. O homem quenão po<strong>de</strong> encontrar nenhum bem fora <strong>de</strong> si próprio está con<strong>de</strong>nado ao solipsismomoral. MacIntyre encara por isso Nietzsche como último antagonistada tradição aristotélica, mas também o vê como apenas mais uma faceta dacultura moral que Nietzsche preten<strong>de</strong> criticar. O super-homem nietzscheano,na perspectiva <strong>de</strong> MacIntyre, não é mais do que o eu mo<strong>de</strong>rno do liberalismoindividualista levado às últimas consequências. Portanto, a oposição crucialque encontra estará entre qualquer versão do liberalismo e qualquer versão datradição aristotélica.MacIntyre conclui então que por um lado, apesar dos esforços <strong>de</strong> três séculos<strong>de</strong> filosofia moral e um <strong>de</strong> sociologia, ainda não temos nenhuma versãocoerente e racionalmente <strong>de</strong>fensável do ponto <strong>de</strong> vista do liberalismo individualista;e que, por outro lado, a tradição aristotélica po<strong>de</strong> ser reafirmada <strong>de</strong>www.labcom.pt✐✐✐✐

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