13.07.2015 Views

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

✐✐✐✐296 Anabela Gradimseau, a partir do tópico da relevância dos signos e da linguagem para o conhecimento,mas a este vivo interesse que a semiótica <strong>de</strong>spertava, seguiu-se umhiato <strong>de</strong> quase 100 anos em que o tema é praticamente abandonado. Serápreciso esperar por Humboldt, Peirce e Saussure para uma refundação da semióticaque é aquela on<strong>de</strong> entroncam as investigações contemporâneas sobreo tema.Dascal analisa as causas <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>, atribuindo-a a uma série<strong>de</strong> factores, dos quais o não menos importante terá sido o propositado e misteriosoalheamento <strong>de</strong> Kant <strong>de</strong> tais matérias.“Um dos gran<strong>de</strong>s mistérios e escândalos da história das i<strong>de</strong>ias é o silêncio<strong>de</strong> Immanuel Kant sobre a semiótica filosófica em geral, e sobre a filosofiada linguagem em particular”. 89 Dascal <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que tal silêncio é intencional,pois Kant conhecia não só os rumos que o <strong>de</strong>bate tomara nos trabalhos<strong>de</strong> Her<strong>de</strong>r ou Rousseau, como também a concepção <strong>de</strong> linguagem <strong>de</strong> GeorgHamman, sendo provável que tenha recusado o <strong>de</strong>bate do papel da linguagemno conhecimento “porque tal discussão possivelmente revelaria dificulda<strong>de</strong>sinultrapassáveis para o seu <strong>sistema</strong>”. 90 Os progressos da gramática e da lin-89 . DASCAL, Marcelo & DUTZ, Klaus, “The Beginnings of Scientific Semiotics”, Semiotics,A Hand-Book on the Sign-Theoretic Foundations of Nature and Culture, vol. 1, 1997, Walter<strong>de</strong> Gruyter, New York, p. 756.90 . I<strong>de</strong>m, p. 756. Na verda<strong>de</strong>, Kant ocupará algumas páginas distinguindo entre diferentestipos <strong>de</strong> signos, num texto pós-crítico intitulado “Antropologia do ponto <strong>de</strong> vista pragmático”.Aí discrimina, no capítulo intitulado “De la faculté <strong>de</strong> désignation (facultas signatrix)” entresignos artificiais, naturais e prodigiosos. Entre os primeiros contam-se os signos fisionómicos(signos mímicos que são parcialmente naturais); a escrita e a pontuação; os signos sonoros;a heráldica; signos <strong>de</strong> função, caso dos uniformes; <strong>de</strong>corações; e signos <strong>de</strong> infâmia, caso dasmarcas gravadas nos criminosos. Os signos naturais, pela relação que estabelecem com o seuobjecto, po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>monstrativos (todos os sintomas), rememorativos (túmulos e mausoléus,pirâmi<strong>de</strong>s, ruínas, relevos vulcânicos, que são memória <strong>de</strong> coisas ou estados passados), e prognósticos(que dirigem a atenção para acontecimentos futuros, caso da astronomia, <strong>de</strong> certossintomas que revelam o curso <strong>de</strong> uma doença, etc.). Os signos prodigiosos são aqueles quecontrariam o curso normal da natureza (monstros humanos ou animais, prodígios celestes, cometas,auroras boreais e eclipses – especialmente por serem estes signos acompanhados quasesempre <strong>de</strong> fome, peste, guerras e outras calamida<strong>de</strong>s – e que parecem pois anunciar a proximida<strong>de</strong>do Juízo Final). Esta exótica divisão, que ocupa cerca <strong>de</strong> quatro páginas, não passana verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma nota <strong>de</strong> rodapé no conjunto da monumental obra kantiana, e menciono-asobretudo a título <strong>de</strong> curiosida<strong>de</strong>, já que a tese geral sobre história da semiótica enunciada porDascal, com o papel que nela atribui a Kant, me parece permanecer essencialmente válida.Sobre a semiótica kantiana, cf. CARMELO, Luís, Semiótica – uma Introdução, 2003, col.www.labcom.pt✐✐✐✐

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!