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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐Ética e heteronomia 429o fracasso do projecto iluminista <strong>de</strong> justificar a moralida<strong>de</strong> no contexto dosherdados, mas já incoerentes, fragmentos <strong>de</strong>ixados para trás pela tradição. 30Também a noção <strong>de</strong> Bem foi substancialmente alterada. Para Aristóteleschamar boa a uma coisa é dizer que essa coisa serve perfeitamente o propósitopara a qual é geralmente requerida. Aplicar um julgamento moral, dizendoque algo é bom, é portanto fazer uma afirmação factual. Mas quando a noçãoteleológica <strong>de</strong> natureza humana <strong>de</strong>saparece, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser possível trataros julgamentos morais como afirmações factuais. No contexto clássico, osjulgamentos morais são simultaneamente hipotéticos (enquanto pressupõem<strong>de</strong>terminado telos) e categóricos (enquanto se reportam à lei universal divina).Quando estes elementos <strong>de</strong>saparecem, os julgamentos morais per<strong>de</strong>m o estatutoclaro <strong>de</strong> que gozavam.Todos os problemas da mo<strong>de</strong>rna teoria moral emergem do fracasso doprojecto das luzes. Privada do seu carácter teleológico, é necessário encontrarpara a moral ou uma fundamentação racional - empresa levada a cabo porKant -, ou um novo telos - tarefa a que se <strong>de</strong>dicaram os arautos do utilitarismo:Bentham, Stuart Mill e Sidgwick. O fracasso <strong>de</strong> ambas as correntesviria a <strong>de</strong>terminar o aparecimento das versões emotivistas <strong>de</strong> moral hoje profundamenteenraizadas na nossa cultura.Bentham tenta dotar a moral com um novo telos: a atracção pelo prazere ausência <strong>de</strong> dor constituiriam o fim para que ten<strong>de</strong> a acção humana. Aacção boa é portanto aquela que produz a maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prazer, e amenor quantida<strong>de</strong> possível <strong>de</strong> dor. Esta visão foi criticada por Stuart Mill,<strong>de</strong>monstrando que noções como prazer e felicida<strong>de</strong> são polimorfas e não po<strong>de</strong>mfornecer um critério seguro para a realização <strong>de</strong> escolhas. Não se po<strong>de</strong>mpesar diferentes prazeres ou felicida<strong>de</strong>s. Estas noções, quando contrapostas,apresentam um elemento <strong>de</strong> incomensurablida<strong>de</strong>, não têm um conteúdo claroe a sua eficácia como critério <strong>de</strong>cisor esvai-se assim que as situações se complexificam.Sidgwick, por seu turno, conclui que as nossas crenças morais são largamenteinfundadas e irredutivelmente heterogéneas, não se <strong>de</strong>vendo a sua escolhaa critérios racionais. Por trás das proposições morais, jaz o que chama<strong>de</strong> intuições, e a conclusão do trabalho <strong>de</strong> Sidgwick é, mau grado os seusesforços, <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> pessimismo: procurara o cosmos e <strong>de</strong> facto apenas30 . I<strong>de</strong>m, p. 59.www.labcom.pt✐✐✐✐

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