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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐Arquitectónica e Metafísica Evolucionária 167melhanças intensas e interessantíssimas com a génese aristotélica do tema,nada tem <strong>de</strong> extraordinário, e já está bem afastado da ingenuida<strong>de</strong> grega comque tais conceitos circulavam. É que a doutrina da continuida<strong>de</strong> – que Peirce,juntamente com as categorias, consi<strong>de</strong>rava uma das suas maiores <strong>de</strong>scobertas– torna perfeitamente natural a passagem do lógico ao metafísico. Peircebaseia-se, para o fazer, no seu sinequismo, a doutrina que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a existência<strong>de</strong> uma continuida<strong>de</strong> que <strong>de</strong>termina a tendência para o crescimento da or<strong>de</strong>me da razoabilida<strong>de</strong>, que se tornam cada vez mais concretas. 30A continuida<strong>de</strong>, que é apenas outro nome da terceirida<strong>de</strong>, é primeiramenteprovada em matemática, e seguidamente inferida “to hold good” em metafísica.31 Está presente em todos os elementos do universo, não po<strong>de</strong> ser quebrada,excepto artificialmente por análise, e é o substrato do carácter evolutivodo cosmos, das leis, hábitos e or<strong>de</strong>m que o habitam. A persistência das categoriasem todas as dimensões do real é pois apenas um aspecto ou perspectiva<strong>de</strong>ssa continuida<strong>de</strong> universal. Essa será também a razão pela qual Peirce repetidamenteafirma que a sua teoria das categorias praticamente se lhe impôsmalgré lui, por serem eficientes e eficientemente constituintes do real, e nãomeramente o resultado <strong>de</strong> cogitações teóricas. 32Atente-se pois agora exclusivamente no edifício categorial peirceano. Para30 . Freeman, no seu trabalho <strong>de</strong> 1950, afirma repetidamente que o “postulado ontológico”peirceano não é justificado – e <strong>de</strong> facto explicitamente, nunca o é – e que não tem justificaçãopossível. Não concordo totalmente com esta interpretação. O sinequismo, embora como doutrinaseja <strong>de</strong> formulação relativamente tardia, justifica perfeitamente, do meu ponto <strong>de</strong> vista,essa passagem. Claro que para aceitar tal explicação o tabu metafísico que me parece tão típicodo século XX tem <strong>de</strong> ser posto <strong>de</strong> lado.31 . “Sinechism is foun<strong>de</strong>d in the notion that coalescence, the becoming continuous, the becominggoverned by laws, the becoming instinct with general i<strong>de</strong>as, are but phases of one andthe same process of the growth of reasonableness. This is first shown to be true with mathematicalexactitu<strong>de</strong> in the field of logic, and is thence inferred to hold good metaphysically”,Collected Papers, 5.4. A este respeito po<strong>de</strong> consultar-se também o trabalho <strong>de</strong> Hilary Putname Ken Ketner na introdução às Cambridge Lectures, on<strong>de</strong> o tema é abordado muito <strong>de</strong>talhadamente.PEIRCE, <strong>Charles</strong> San<strong>de</strong>rs, Reasoning and the Logic of Things, ed. KETNER, KennethLaine, Harvard University Press, 1992, Cambridge, Massachusetts.32 . “I cannot tell you with what earnest and long continued toil I have repeatedly en<strong>de</strong>avoredto convince myself that my notion that these three i<strong>de</strong>as are of fundamental importance inphilosophy was a mere <strong>de</strong>formity of my individual mind. It is impossible: the truth of theprinciple has ever reappeared clearer and clearer.” in PEIRCE, <strong>Charles</strong> San<strong>de</strong>rs, Reasoning andthe Logic of Things, ed. KETNER, Kenneth Laine, Harvard University Press, 1992, Cambridge,Massachusetts, lect. V, pp. 146-147.www.labcom.pt✐✐✐✐

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