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Comunicação e Ética: O sistema semiótico de Charles ... - Ubi Thesis

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✐✐✐✐146 Anabela Gradimlida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma representação objectiva, quasi-científica, do real, por parte dosmedia, e que, evi<strong>de</strong>ntemente, nunca se realiza. Paradoxalmente, não é esse<strong>de</strong>stino <strong>de</strong> autotransparência que as socieda<strong>de</strong>s mediáticas contemporâneascumprem, mas o seu contrário: o <strong>de</strong> uma progressiva opacificação (“fabulações”,como lhes chama) alicerçada na excessiva multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> discursos,a qual tem por efeito o <strong>de</strong>sgaste do próprio real. 69A conclusão possível a este ponto é que a única transparência até agoraproporcionada pelo <strong>sistema</strong> mediático, em associação com as ciências humanas,é uma que permita não encarar na sua totalida<strong>de</strong> e abrangência uma privilegiadaconsciência <strong>de</strong> si, mas, tão só, perceber a pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mecanismosque nela funcionam, a sua opacida<strong>de</strong> e inultrapassibilida<strong>de</strong>.Do meu ponto <strong>de</strong> vista, e pese embora todos os méritos, já sobejamentesublinhados, dos esforços fundacionais <strong>de</strong> Apel, as maiores dificulda<strong>de</strong>s coma arquitectura da sua ética da discussão ou comunicação pren<strong>de</strong>m-se com oponto extremamente sensível que é a articulação entre a fundamentação teóricae a praxis humana concreta, e que este remete, sem quaisquer pormenores,para uma obscura “participação”, nunca convenientemente explicitada. 70Conce<strong>de</strong>-se que é efectiva a parte fundacional que entrelaça indissociavelmentea norma ética fundamental patente em qualquer discurso com a racionalida<strong>de</strong>humana. O problema é que numa ética que é um neokantismotransformado, que não <strong>de</strong>duz conteúdos empíricos para as normas, e on<strong>de</strong>toda a questão ética é apreciada consoante o seu contingente enraizamentosócio-histórico, a pertinência prática e a normativida<strong>de</strong> da ética da discussãosão difíceis <strong>de</strong> <strong>de</strong>scortinar. Mais, este não é um esquema ten<strong>de</strong>nte a criar ascondições para que a Ética da Discussão possa <strong>de</strong> facto cumprir-se, mas pelocontrário, é obrigado a supor um sem número <strong>de</strong> condições já dadas para que<strong>de</strong>las o plácido diálogo, tão a-repressivo quanto possível, resulte.69 . “Em vez <strong>de</strong> avançar para a autotransparência, a socieda<strong>de</strong> das ciências humanas e dacomunicação generalizada avançou para aquela que, pelo menos em geral, se po<strong>de</strong> chamar a“fabulação do mundo”. As imagens do mundo que nos são fornecidas pelos media e pelasciências humanas, embora em planos diferentes, constituem a própria objectivida<strong>de</strong> do mundo,e não apenas diferentes interpretações <strong>de</strong> uma “realida<strong>de</strong>” <strong>de</strong> algum modo “dada””, i<strong>de</strong>m, p.32.70 . Se aceitássemos a visão da teorização <strong>de</strong> Apel como uma espécie <strong>de</strong> “platonismo invertido”,como lhe chama Melo, ou <strong>de</strong> herança metafísico-espiritual, como prefiro, então estariamosapenas perante uma reactualização da sempiterna questão da participação platónica, quetambém o mestre grego não chega a resolver.www.labcom.pt✐✐✐✐

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