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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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O CORPO 109<br />

Io que são na experiência perceptiva, quer dizer, olhares sujeitos<br />

a uma certa perspectiva, a casa não seria posta como<br />

um ser autônomo. Assim, a posição de um único objeto no<br />

sentido pleno exige a composição de to<strong>da</strong>s essas experiências<br />

em um único ato politético. Nisso ela excede a experiência<br />

perceptiva e a síntese de horizontes — assim como a noção<br />

de um universo, quer dizer, de uma totali<strong>da</strong>de acaba<strong>da</strong>, explícita,<br />

em que as relações sejam de determinação recíproca, excede<br />

a noção de um mundo, quer dizer, de uma multiplici<strong>da</strong>de<br />

aberta e indefini<strong>da</strong> em que as relações são de implicação<br />

recíproca 1 . Eu decolo de minha experiência e passo à idéia.<br />

Assim como o objeto, a idéia pretende ser a mesma para todos,<br />

váli<strong>da</strong> para todos os tempos e para todos os lugares, e<br />

a individuação do objeto em um ponto do tempo e do espaço<br />

objetivos aparece finalmente como a expressão de uma potência<br />

posicionai universal 2 . Não me ocupo mais de meu corpo,<br />

nem do tempo, nem do mundo, tais como os vivo no saber<br />

antepredicativo, na comunicação interior que tenho com<br />

eles. Só falo de meu corpo em idéia, do universo em idéia,<br />

<strong>da</strong> idéia de espaço e <strong>da</strong> idéia de tempo. Forma-se assim um<br />

pensamento "objetivo" (no sentido de Kierkegaard) — o do<br />

senso comum, o <strong>da</strong> ciência —, que finalmente nos faz perder<br />

contato com a experiência perceptiva <strong>da</strong> qual to<strong>da</strong>via ele é<br />

o resultado e a conseqüência natural. To<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> consciência<br />

tende a pôr objetos, já que ela só é consciência, quer<br />

dizer, saber de si, enquanto ela mesma se retoma e se recolhe<br />

em um objeto identificável. E to<strong>da</strong>via a posição absoluta<br />

de um só objeto é a morte <strong>da</strong> consciência, já que ela imobiliza<br />

to<strong>da</strong> a experiência, assim como um cristal introduzido em<br />

uma solução faz com que ela instantaneamente se cristalize.<br />

Não podemos permanecer nesta alternativa entre não<br />

compreender na<strong>da</strong> do sujeito ou não compreender na<strong>da</strong> do<br />

objeto. É preciso que reencontremos a origem do objeto no<br />

próprio coração de nossa experiência, que descrevamos a apa-

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