12.04.2013 Views

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

66 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

dos <strong>da</strong>dos, o sentido que os une — que não apenas descobre<br />

o sentido que eles têm, mas ain<strong>da</strong> faz com que tenham um sentido.<br />

É ver<strong>da</strong>de que essas críticas só se aplicam aos primórdios<br />

<strong>da</strong> análise reflexiva, e o intelectualismo poderia responder<br />

que inicialmente se está obrigado a falar a linguagem do<br />

senso comum. A concepção do juízo como força psíquica ou<br />

como mediação lógica e a teoria <strong>da</strong> percepção como "interpretação"<br />

— este intelectualismo dos psicólogos — são com<br />

efeito apenas uma contraparti<strong>da</strong> do empirismo, mas preparam<br />

uma ver<strong>da</strong>deira toma<strong>da</strong> de consciência. Só se pode começar<br />

na atitude natural, com seus postulados, até que a dialética<br />

interna desses postulados os destrua. Compreendi<strong>da</strong> a<br />

percepção como interpretação, a sensação, que serviu de ponto<br />

de parti<strong>da</strong>, está definitivamente ultrapassa<strong>da</strong>, qualquer consciência<br />

perceptíva já estando para além dela. A sensação não<br />

I é senti<strong>da</strong> 30 e a consciência é sempre consciência de um obje-<br />

I to. Chegamos à sensação quando, refletindo sobre nossas per-<br />

JÍ cepções, queremos exprimir que elas não são absolutamente<br />

I<br />

nossa obra. A pura sensação, defini<strong>da</strong> pela ação dos estímulos<br />

sobre nosso corpo, é o "efeito último" do conhecimento, em<br />

•{, particular do conhecimento científico, e é por uma ilusão, aliás<br />

! natural, que a colocamos no começo e acreditamos que seja<br />

\ anterior ao conhecimento. Ela é a maneira necessária e ne-<br />

' cessariamente enganosa pela qual um espírito representa sua<br />

própria história 31 . Pertence ao domínio do constituído e não<br />

i ao espírito constituinte. E segundo o mundo ou segundo a<br />

opinião que a percepção pode aparecer como uma interpretação.<br />

Para a própria consciência, como ela seria um raciocínio<br />

se não existem sensações que possam servir de premisi<br />

sas, como ela seria uma interpretação se antes dela não há<br />

i na<strong>da</strong> a ser interpretado? Ao mesmo tempo em que assim se<br />

ultrapassa, com a idéia de sensação, a idéia de uma ativi<strong>da</strong>-<br />

1 de simplesmente lógica, as objeções que fazíamos há pouco<br />

desaparecem. Perguntávamos o que é ver ou sentir, o que

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!