12.04.2013 Views

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

PREFÁCIO 19<br />

próprios resultados. O filósofo tenta pensar o mundo, o outro<br />

e a si mesmo, e conceber suas relações. Mas o Ego meditante,<br />

o "espectador imparcial" (uninteressierter Zuschauerf 1<br />

não encontram uma racionali<strong>da</strong>de já <strong>da</strong><strong>da</strong>, eles "se estabelecem"<br />

13 e a estabelecem por uma iniciativa que não tem garantia<br />

no ser e cujo direito repousa inteiramente no poder efetivo<br />

que ela nos dá de assumir nossa história. O mundo fenomenológico<br />

não é a explicitação de um ser prévio, mas a fun<strong>da</strong>ção<br />

do ser; a filosofia não é o reflexo de uma ver<strong>da</strong>de prévia<br />

mas, assim como a arte, é a realização de uma ver<strong>da</strong>de.<br />

Perguntar-se-á como essa realização é possível e se ela não reencontra<br />

nas coisas uma Razão preexistente. Mas o único Logos<br />

que preexiste é o próprio mundo, e a filosofia que o faz<br />

passar à existência manifesta não começa por ser possível: ela<br />

é atual ou real, assim como o mundo, do qual ela faz parte,<br />

e nenhuma hipótese explicativa é mais clara do que o próprio<br />

ato pelo qual nós retomamos este mundo inacabado para<br />

tentar totalizá-lo e pensá-lo. A racionali<strong>da</strong>de não é \xm problema,<br />

não existe detrás dela uma incógnita que tenhamos de<br />

determinar dedutivamente ou provar indutivamente a partir<br />

dela: nós assistimos, a ca<strong>da</strong> instante, a este prodígio <strong>da</strong> conexão<br />

<strong>da</strong>s experiências, e ninguém sabe melhor do que nós como<br />

ele se dá, já que nós somos este laço de relações. O mundo<br />

e a razão não representam problemas; digamos, se se quiser,<br />

que eles são misteriosos, mas este mistério os define, não<br />

poderia tratar-se de dissipá-lo por alguma "solução", ele está<br />

para aquém <strong>da</strong>s soluções. A ver<strong>da</strong>deira filosofia é reaprender<br />

a ver o mundo, e nesse sentido uma história narra<strong>da</strong> pode<br />

significar o mundo com tanta "profundi<strong>da</strong>de" quanto um<br />

tratado de filosofia. Nós tomamos em nossas mãos o nosso<br />

destino, tornamo-nos responsáveis, pela reflexão, por nossa<br />

história, mas também graças a uma decisão em que empenhamos<br />

nossa vi<strong>da</strong>, e nos dois casos trata-se de um ato violento<br />

que se verifica exercendo-se.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!