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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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190 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

vel em todos os sentidos, como um projetor, e pelo qual podemos<br />

orientar-nos para não importa o quê, em nós e fora<br />

de nós, e ter um comportamento a respeito desse objeto" 90 .<br />

Mais ain<strong>da</strong>, a comparação com o projetor não é boa, já que<br />

ela subentende objetos <strong>da</strong>dos sobre os quais ele passeia sua<br />

luz, enquanto a função central <strong>da</strong> qual falamos, antes de fazernos<br />

ver ou conhecer objetos, os faz existir mais secretamente<br />

para nós. Então digamos antes, tomando de empréstimo este<br />

termo a outros trabalhos 91 , que a vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> consciência — vi<strong>da</strong><br />

cognoscente, vi<strong>da</strong> do desejo ou vi<strong>da</strong> perceptiva — é sustenta<strong>da</strong><br />

por um "arco intencional" que projeta em torno de<br />

nós nosso passado, nosso futuro, nosso meio humano, nossa<br />

situação física, nossa situação ideológica, nossa situação moral,<br />

ou antes que faz com que estejamos situados sob todos<br />

esses aspectos. É este arco intencional que faz a uni<strong>da</strong>de entre<br />

os sentidos, a uni<strong>da</strong>de entre os sentidos e a inteligência,<br />

a uni<strong>da</strong>de entre a sensibili<strong>da</strong>de e a motrici<strong>da</strong>de. E ele que<br />

se "distende" na doença.<br />

O estudo de um caso patológico permitiu-nos portanto<br />

perceber um novo modo de análise — a análise existencial<br />

— que ultrapassa as alternativas clássicas entre o empirismo<br />

e o intelectualismo, entre a explicação e a reflexão. Se a consciência<br />

fosse uma soma de fatos psíquicos, todo distúrbio deveria<br />

ser eletivo. Se fosse uma "função de representação",<br />

uma pura potência de significar, ela poderia ser ou não ser<br />

(e com ela to<strong>da</strong>s as coisas), mas não deixar de ser depois de<br />

ter sido, ou tornar-se doente, quer dizer, alterar-se. Se enfim<br />

ela é uma ativi<strong>da</strong>de de projeção, que deposita os objetos diante<br />

de si como traços de seus próprios atos, mas que se apoia neles<br />

para passar a outros atos de espontanei<strong>da</strong>de, compreendese<br />

ao mesmo tempo que to<strong>da</strong> deficiência dos "conteúdos" repercuta<br />

no conjunto <strong>da</strong> experiência e comece sua desintegração,<br />

que to<strong>da</strong> flexão patológica diga respeito à consciência inteira<br />

— e que to<strong>da</strong>via a doença atinja a consciência a ca<strong>da</strong>

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