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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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O CORPO 151<br />

trar. Mas como isso é possível? Se sei onde está meu nariz<br />

quando se trata de pegá-lo, como não saberia onde ele está<br />

quando se trata de mostrá-lo? Sem dúvi<strong>da</strong>, é porque o saber<br />

de um lugar se entende em vários sentidos. A psicologia clássica<br />

não dispõe de nenhum conceito para exprimir essas varie<strong>da</strong>des<br />

<strong>da</strong> consciência de lugar porque para ela a consciência<br />

de lugar é sempre consciência posicionai, representação,<br />

Vor-stellung, porque a este título ela nos dá o lugar como determinação<br />

do mundo objetivo, e porque uma tal representação<br />

é ou não é, mas, se ela é, ela nos entrega seu objeto<br />

sem nenhuma ambigüi<strong>da</strong>de e como um termo identificável<br />

através de to<strong>da</strong>s as suas aparições. Ao contrário, aqui precisamos<br />

forjar os conceitos necessários para exprimir que o espaço<br />

me pode ser <strong>da</strong>do em uma intenção de apreensão sem<br />

me ser <strong>da</strong>do em uma intenção de conhecimento. O doente<br />

tem consciência do espaço corporal como local de sua ação<br />

habitual, mas não como ambiente objetivo, seu corpo está à<br />

sua disposição como meio de inserção em uma circunvizinhança<br />

familiar, mas não como meio de expressão de um pensamento<br />

espacial gratuito e livre. Quando lhe ordenam que execute<br />

um movimento concreto, primeiramente ele repete a ordem<br />

com um acento interrogativo, depois seu corpo se instala<br />

na posição de conjunto que é exigi<strong>da</strong> pela tarefa; enfim ele<br />

executa o movimento. Observa-se que todo o corpo colabora<br />

para isso e que o doente nunca reduz o movimento, como<br />

o faria o sujeito normal, aos traços estritamente indispensáveis.<br />

A sau<strong>da</strong>ção militar é acompanha<strong>da</strong> de outros sinais exteriores<br />

de respeito. Com o gesto <strong>da</strong> mão direita que finge<br />

pentear os cabelos, vem o <strong>da</strong> mão esquer<strong>da</strong> que segura o espelho;<br />

com o gesto <strong>da</strong> mão direita que crava um prego, vem<br />

o <strong>da</strong> mão esquer<strong>da</strong> que o segura. Isso ocorre porque a ordem<br />

é leva<strong>da</strong> a sério e porque o doente só consegue realizar os movimentos<br />

concretos sob comando à condição de situar-se em<br />

espírito na situação efetiva a que eles correspondem. O su-

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