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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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O MUNDO PERCEBIDO 387<br />

estariam em alguma parte. Se refletirmos na experiência mítica<br />

do espaço e se nos perguntarmos sobre o que ela quer<br />

dizer, necessariamente acharemos que ela repousa na consciência<br />

do espaço objetivo e único, pois um espaço que não<br />

fosse objetivo e que não fosse único não seria um espaço: não<br />

é essencial ao espaço ser o "fora" absoluto, correlativo, mas<br />

também negação <strong>da</strong> subjetivi<strong>da</strong>de, e não lhe é essencial abarcar<br />

todo ser que se possa representar, já que tudo aquilo que<br />

se quisesse pôr fora dele estaria por isso mesmo em relação<br />

com ele, portanto nele? O sonhador sonha, é porque seus movimentos<br />

respiratórios e suas pulsões sexuais não são tomados<br />

por aquilo que são, rompem as amarras que os ligam ao<br />

mundo e flutuam diante dele sob a forma do sonho. Mas enfim<br />

o que ele vê exatamente? Vamos acreditar no que ele diz?<br />

Se ele quiser saber o que vê e compreender ele mesmo seu<br />

sonho, será preciso que desperte. Em um instante, a sexuali<strong>da</strong>de<br />

se unirá de novo ao seu antro genital, a angústia e seus<br />

fantasmas voltarão a ser aquilo que sempre foram: algum incômodo<br />

respiratório em um ponto <strong>da</strong> caixa torácica. O espaço<br />

sombrio que invadiu o mundo do esquizofrênico só pode<br />

justificar-se enquanto espaço e fornecer seus títulos de espaciali<strong>da</strong>de<br />

tornando a ligar-se ao espaço claro. Se o doente afirma<br />

que em torno dele existe um segundo espaço, perguntemos<br />

a ele: então onde ele está? Procurando situar este fantasma,<br />

ele o fará desaparecer enquanto fantasma. E, já que, como<br />

ele mesmo o confessa, os objetos estão sempre ali, com<br />

o espaço claro ele conserva sempre o meio de exorcizar os fantasmas<br />

e de retornar ao mundo comum. Os fantasmas são<br />

fragmentos do mundo claro, e tomam-lhe de empréstimo todo<br />

o prestígio que possam ter. Da mesma forma, enfim, quando<br />

procuramos fun<strong>da</strong>r o espaço geométrico, com suas relações<br />

intramun<strong>da</strong>nas, na espaciali<strong>da</strong>de originária <strong>da</strong> existência,<br />

nos responderão que o pensamento só conhece a si mesmo<br />

ou às coisas, que não é pensável uma espaciali<strong>da</strong>de do

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