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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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428 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

sua fumaça, porque a uni<strong>da</strong>de significativa diabo é esta essência<br />

acre, sulfurosa e candente. Há na coisa uma simbólica<br />

que liga ca<strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de sensível às outras. O calor se dá<br />

à experiência como uma espécie de vibração <strong>da</strong> coisa; a cor,<br />

por seu lado, é como uma saí<strong>da</strong> <strong>da</strong> coisa fora de si, e é a priori<br />

necessário que um objeto muito quente se avermelhe, é o excesso<br />

de sua vibração que o faz brilhar 50 . O desenrolar dos<br />

<strong>da</strong>dos sensíveis sob nosso olhar ou sob nossas mãos é como<br />

uma linguagem que se ensinaria por si mesma, em que a significação<br />

seria secreta<strong>da</strong> pela própria estrutura dos signos, e<br />

é por isso que se pode dizer, literalmente, que nossos sentidos<br />

interrogam as coisas e que elas lhes respondem. "A aparência<br />

sensível é aquilo que revela (Kundgibt); enquanto tal,<br />

ela exprime aquilo que ela mesma não é." 51 Compreendemos<br />

a coisa como compreendemos um comportamento novo,<br />

quer dizer, não por uma operação intelectual de subsunção,<br />

mas retomando por nossa conta o modo de existência<br />

que os signos observáveis esboçam diante de nós. Um comportamento<br />

esboça uma certa maneira de tratar o mundo.<br />

Da mesma maneira, na interpretação <strong>da</strong>s coisas, ca<strong>da</strong> uma<br />

se caracteriza por uma espécie de a priori que ela observa em<br />

todos os seus encontros com o exterior. O sentido de uma coisa<br />

habita essa coisa como a alma habita o corpo: ele não está<br />

atrás <strong>da</strong>s aparências; o sentido do cinzeiro (pelo menos seu<br />

sentido total e individual, tal como ele se dá na percepção)<br />

não é uma certa idéia do cinzeiro que coordenaria seus aspectos<br />

sensoriais e que seria acessível somente ao entendimento;<br />

ele anima o cinzeiro, encarna-se nele com evidência. É<br />

por isso que dizemos que na percepção a coisa nos é <strong>da</strong><strong>da</strong><br />

"em pessoa" ou "em carne e osso". Antes de outrem, a coisa<br />

realiza este milagre <strong>da</strong> expressão: um interior que se revela<br />

no exterior, uma significação que irrompe no mundo e aí<br />

se põe a existir, e que só se pode comprender plenamente<br />

procurando-a em seu lugar com o olhar. Assim, a coisa é o

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