12.04.2013 Views

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O SER-PARA-SI E O SER-NO-MUNDO 499<br />

mesmo. É até mesmo impossível adivinhar um absoluto divino<br />

atrás do absoluto de meu pensamento. O contato de meu<br />

pensamento consigo mesmo, se ele é perfeito, me fecha em<br />

mim mesmo e proíbe-me de alguma vez me sentir ultrapassado,<br />

não há abertura ou "aspiração" 11 a um Outro para este<br />

Eu que constrói a totali<strong>da</strong>de do ser e sua própria presença<br />

no mundo, que se define pela "posse de si" 12 e que só encontra<br />

no exterior aquilo que ele ali colocou. Este eu bem fechado<br />

não é mais um eu finito. "Só há (...) consciência do<br />

universo graças à consciência prévia <strong>da</strong> organização, no sentido<br />

ativo <strong>da</strong> palavra, e por conseguinte, em última análise,<br />

por uma comunhão interior com a operação mesma <strong>da</strong> divin<strong>da</strong>de.<br />

" 13 E finalmente com Deus que o Cogito me faz coincidir.<br />

Se a estrutura inteligível e identificável de minha experiência,<br />

quando a reconheço no Cogito, me faz sair do acontecimento<br />

e me coloca na eterni<strong>da</strong>de, ela me libera ao mesmo<br />

tempo de to<strong>da</strong>s as limitações desse acontecimento fun<strong>da</strong>mental<br />

que é minha existência priva<strong>da</strong>, e as mesmas razões que obrigam<br />

a passar do acontecimento ao ato, dos pensamentos ao<br />

Eu, obrigam a passar <strong>da</strong> multiplici<strong>da</strong>de dos Eus a uma consciência<br />

constituinte solitária e me proíbem, para salvar in extremis<br />

a finitude do sujeito, de defini-lo como "môna<strong>da</strong>" 14 .<br />

A consciência constituinte é por princípio única e universal.<br />

Se se quer sustentar que ela constitui em ca<strong>da</strong> um de nós apenas<br />

um microcosmo, se se conserva ao Cogito o sentido de uma<br />

"experiência existencial" 15 , se ele me revela não a transparência<br />

absoluta de um pensamento que se possui inteiramente,<br />

mas o ato cego pelo qual eu retomo meu destino de natureza<br />

pensante e o prossigo, trata-se de uma outra filosofia,<br />

que não nos faz sair do tempo. Constatamos aqui a necessi<strong>da</strong>de<br />

de encontrar um caminho entre a eterni<strong>da</strong>de e o tempo<br />

despe<strong>da</strong>çado do empirismo, e de retomar a interpretação do<br />

Cogito e a interpretação do tempo. Reconhecemos de uma vez<br />

por to<strong>da</strong>s que nossas relações com as coisas não podem ser

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!