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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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O SER-PARA-SI E O SER-NO-MUNDO 541<br />

tido, assim como a do vocábulo, não é a generali<strong>da</strong>de do conceito,<br />

mas a generali<strong>da</strong>de do mundo enquanto típico. Assim,<br />

a linguagem pressupõe uma consciência <strong>da</strong> linguagem, um<br />

silêncio <strong>da</strong> consciência que envolve o mundo falante e em que<br />

em primeiro lugar as palavras recebem configuração e sentido.<br />

É isso que faz com que a consciência nunca esteja sujeita<br />

a tal linguagem empírica, que as linguagens possam traduzirse<br />

e ensinar-se, e enfim que a linguagem não seja uma contribuição<br />

exterior, no sentido dos sociólogos. Para além do<br />

cogito falado, aquele que está convertido em enunciado e em<br />

ver<strong>da</strong>de de essência, existe um cogito tácito, uma experiência<br />

de mim por mim. Mas essa subjetivi<strong>da</strong>de indeclinável só tem<br />

sobre si mesma e sobre o mundo um poder escorregadio. Ela<br />

não constitui o mundo, adivinha-o em torno de si como um<br />

campo que ela não se deu; ela não constitui a palavra, ela<br />

fala assim como se canta porque se está feliz; ela não constitui<br />

o sentido <strong>da</strong> palavra, este brota para ela em seu comércio<br />

com o mundo e com os outros homens que o habitam, ele<br />

se encontra na intersecção de vários comportamentos, ele é,<br />

mesmo uma vez "adquirido", tão preciso e tão pouco definível<br />

quanto o sentido de um gesto. O Cogito tácito, a presença<br />

de si a si, sendo a própria existência, é anterior a to<strong>da</strong> filosofia,<br />

mas ele só se conhece nas situações-limite em que está<br />

ameaçado: por exemplo, na angústia <strong>da</strong> morte ou na angústia<br />

do olhar de outrem sobre mim. Aquilo que se acredita ser<br />

o pensamento do pensamento, como puro sentimento de si,<br />

não se pensa ain<strong>da</strong> e precisa ser revelado. A consciência que<br />

condiciona a linguagem é apenas uma apreensão global e inarticula<strong>da</strong><br />

do mundo, como aquela <strong>da</strong> criança em sua primeira<br />

respiração ou do homem que vai se afogar e se lança para<br />

a vi<strong>da</strong>, e, se é ver<strong>da</strong>de que todo saber particular está fun<strong>da</strong>do<br />

nessa primeira visão, é ver<strong>da</strong>de também que ela espera<br />

ser reconquista<strong>da</strong>, fixa<strong>da</strong> e explicita<strong>da</strong> pela exploração perceptiva<br />

e pela fala. A consciência silenciosa só se apreende

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