12.04.2013 Views

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O MUNDO PERCEBIDO 341<br />

constituição que o objeto invariavelmente observaria em to<strong>da</strong>s<br />

as suas orientações possíveis, é ter um certo poder sobre<br />

ele, poder seguir em sua superfície um certo itinerário perceptivo<br />

com suas subi<strong>da</strong>s e suas desci<strong>da</strong>s, tão irreconhecível,<br />

se o tomo em sentido inverso, quanto a montanha onde há<br />

pouco eu penava para subir quando a desço de novo com<br />

grandes passa<strong>da</strong>s. Em geral nossa percepção não comportaria<br />

nem contornos, nem figuras, nem fundo, nem objetos, por<br />

conseguinte ela não seria percepção de na<strong>da</strong> e enfim ela não<br />

seria, se o sujeito <strong>da</strong> percepção não fosse este olhar que só<br />

tem poder sobre as coisas para uma certa orientação <strong>da</strong>s coisas,<br />

e a orientação no espaço não é um caráter contingente<br />

do objeto, é o meio pelo qual eu o reconheço e tenho consciência<br />

dele como de um objeto. Sem dúvi<strong>da</strong>, posso ter consciência<br />

do mesmo objeto em diferentes orientações e, como<br />

dizíamos há pouco, posso até mesmo reconhecer um rosto invertido.<br />

Mas é sempre sob a condição de, em pensamento,<br />

assumir diante dele uma atitude defini<strong>da</strong>, e com efeito por<br />

vezes nós a assumimos, como quando inclinamos a cabeça<br />

para olhar uma fotografia que nosso vizinho segura diante<br />

de si. Assim como todo ser concebível se relaciona direta ou<br />

indiretamente ao mundo percebido, e como o mundo percebido<br />

só é apreendido pela orientação, não podemos dissociar<br />

o ser do ser orientado, não há motivo para "fun<strong>da</strong>r" o espaço<br />

ou para perguntar qual é o nível de todos os níveis. O nível<br />

primordial está no horizonte de to<strong>da</strong>s as nossas percepções,<br />

mas em um horizonte que por princípio nunca pode ser<br />

alcançado ou tematizado em uma percepção expressa. Ca<strong>da</strong><br />

um dos níveis nos quais alterna<strong>da</strong>mente vivemos aparece<br />

quando lançamos a âncora em algum "ambiente" que se propõe<br />

a nós. Esse mesmo ambiente só é espacialmente definido<br />

para um nível previamente <strong>da</strong>do. Assim a série de nossas experiências,<br />

até a primeira, transmitem-se uma espaciali<strong>da</strong>de<br />

já adquiri<strong>da</strong>. Nossa primeira percepção, por sua vez, só pô-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!