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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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O CORPO 243<br />

pria combinação <strong>da</strong>s palavras e <strong>da</strong>s frases não é uma contribuição<br />

alheia, já que não seria compreendi<strong>da</strong> se não encontrasse<br />

naquele que escuta o poder de realizá-la espontaneamente.<br />

Aqui, como em to<strong>da</strong>s as partes, primeiramente parece<br />

ver<strong>da</strong>de que a consciência só pode encontrar em sua experiência<br />

aquilo que ela mesma ali colocou. A experiência <strong>da</strong><br />

comunicação seria assim uma ilusão. Uma consciência constrói<br />

— para X — essa máquina de linguagem que <strong>da</strong>rá a uma<br />

outra consciência a ocasião de efetuar os mesmos pensamentos,<br />

mas realmente na<strong>da</strong> passa de uma à outra. To<strong>da</strong>via, se<br />

o problema consiste em saber como, aparentemente, a consciência<br />

aprende algo, a solução não pode consistir em dizer<br />

que ela sabe tudo antecipa<strong>da</strong>mente. O fato é que temos o poder<br />

de compreender para além <strong>da</strong>quilo que espontaneamente<br />

pensamos. Só podem falar-nos uma linguagem que já compreendemos,<br />

ca<strong>da</strong> palavra de um texto difícil desperta em nós<br />

pensamentos que anteriormente nos pertenciam, mas por vezes<br />

essas significações se unem em um pensamento novo que<br />

as remaneja a to<strong>da</strong>s, somos transportados para o centro do<br />

livro, encontramos a sua fonte. Na<strong>da</strong> há ali de comparável<br />

à resolução de um problema, em que se descobre um termo<br />

desconhecido por sua relação a termos conhecidos. Pois o problema<br />

só pode ser resolvido se ele é determinado, quer dizer,<br />

se o confronto dos <strong>da</strong>dos atribui à incógnita um ou vários valores<br />

definidos. Na compreensão do outro, o problema é sempre<br />

indeterminado 5 , porque só a solução do problema fará<br />

aparecer retrospectivamente os <strong>da</strong>dos como convergentes, só<br />

o motivo central de uma filosofia, uma vez compreendido,<br />

dá aos textos do filósofo o valor de signos adequados. Portanto,<br />

existe uma retoma<strong>da</strong> do pensamento do outro através<br />

<strong>da</strong> fala, uma reflexão no outro, um poder de pensar segundo<br />

o outro 6 que enriquece nossos pensamentos próprios. Aqui, é<br />

preciso que o sentido <strong>da</strong>s palavras finalmente seja induzido<br />

pelas próprias palavras ou, mais exatamente, que sua signi-

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