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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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O CORPO 187<br />

Os distúrbios propriamente intelectuais — aqueles do juízo<br />

e <strong>da</strong> significação — não poderão ser considerados como<br />

deficiências últimas e precisarão, por sua vez, ser recolocados<br />

no mesmo contexto existencial. Que se considere por<br />

exemplo a "cegueira para os números" 75 . Pôde-se mostrar<br />

que o doente, capaz de contar, somar, subtrair, multiplicar<br />

e dividir a propósito de objetos colocados diante dele, to<strong>da</strong>via<br />

não pode conceber o número, e que todos esses resultados<br />

são obtidos por receitas rituais que não têm com ele nenhuma<br />

relação de sentido. Ele sabe de cor a série dos números<br />

e a recita mentalmente ao mesmo tempo em que indica<br />

com os dedos os objetos a contar, a somar, a subtrair, a multiplicar<br />

ou a dividir: "Para ele o número só tem uma pertença<br />

à série dos números, não tem nenhuma significação enquanto<br />

grandeza fixa, enquanto grupo, enquanto medi<strong>da</strong> determina<strong>da</strong>."<br />

76 Entre dois números, para ele o maior é o que<br />

vem "depois" na série dos números. Quando lhe propõem<br />

que efetue 5 + 4 — 4, ele executa a operação em dois tempos<br />

sem "observar na<strong>da</strong> de particular". Ele apenas concor<strong>da</strong> se<br />

lhe fazem observar que o número 5 "permanece". Ele não<br />

compreende que o "dobro <strong>da</strong> metade" de um número <strong>da</strong>do<br />

é esse mesmo número 77 . Diremos então que ele perdeu o número<br />

enquanto categoria ou enquanto esquema? Mas quando<br />

percorre com os olhos os objetos a contar "marcando" ca<strong>da</strong><br />

um deles em seus dedos, mesmo se freqüentemente lhe acontece<br />

confundir os objetos já contados com aqueles que ain<strong>da</strong><br />

não o foram, mesmo se a síntese é confusa, evidentemente<br />

ele tem a noção de uma operação sintética que é justamente<br />

a numeração. E, reciprocamente, no sujeito normal a série<br />

dos números como melodia cinética quase desprovi<strong>da</strong> de sentido<br />

autenticamente numérico freqüentemente substitui-se ao<br />

conceito do número. O número nunca é um conceito puro<br />

cuja ausência permitiria definir o estado mental de Schn., é<br />

uma estrutura de consciência que comporta o mais e o me-

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