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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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348 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

experiência só registraria o resultado? É preciso optar: ou,<br />

com o behaviorismo, recusa-se todo sentido à palavra experiência<br />

e tenta-se construir a percepção como um produto do<br />

mundo <strong>da</strong> ciência, ou então se admite que também a experiência<br />

nos dá acesso ao ser, e então não se pode tratá-la como<br />

um subproduto do ser. A experiência não é na<strong>da</strong> ou é<br />

preciso que ela seja total. Tentemos representar-nos aquilo<br />

que poderia ser uma organização em profundi<strong>da</strong>de produzi<strong>da</strong><br />

pela fisiologia cerebral. Para uma grandeza aparente e uma<br />

convergência <strong>da</strong><strong>da</strong>s, apareceria em algum lugar do cérebro<br />

uma estrutura funcional homóloga à organização em profundi<strong>da</strong>de.<br />

Mas em todo caso ela seria apenas uma profundi<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong><strong>da</strong>, uma profundi<strong>da</strong>de de fato, e seria preciso apenas<br />

tomar consciência dela. Ter a experiência de uma estrutura<br />

não é recebê-la em si passivamente: é vivê-la, retomá-la,<br />

assumi-la, reencontrar seu sentido imanente. Portanto, uma<br />

experiência nunca pode ser correlaciona<strong>da</strong> a certas condições<br />

de fato como à sua causa 24 e, se se produz a consciência de<br />

distância para tal valor <strong>da</strong> convergência e para tal grandeza<br />

<strong>da</strong> imagem retiniana, ela só pode depender desses fatores o<br />

tanto quanto eles figuram nela. Visto que deles não temos<br />

nenhuma experiência expressa, é preciso concluir que temos<br />

deles uma experiência não-tática. Convergência e grandeza<br />

aparente não são nem signos nem causas <strong>da</strong> profundi<strong>da</strong>de:<br />

elas estão presentes na experiência <strong>da</strong> profundi<strong>da</strong>de assim como<br />

o motivo, mesmo quando não está articulado e posto à parte,<br />

está presente na decisão. O que se entende por um motivo<br />

e o que se quer dizer quando se diz, por exemplo, que uma<br />

viagem é motiva<strong>da</strong>? Entende-se por isso que ela tem sua origem<br />

em certos fatos <strong>da</strong>dos, não que esses fatos por si sós tenham<br />

a potência física de produzi-la, mas enquanto eles oferecem<br />

razões para empreendê-la. O motivo é um antecedente<br />

que só age por seu sentido, e é preciso acrescentar que é<br />

a decisão que afirma esse sentido como válido e que lhe dá

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