12.04.2013 Views

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O CORPO 165<br />

de projetar um espetáculo que se manifesta no movimento<br />

abstrato e no gesto de designação. Ora, essa potência não cai<br />

sob os sentidos e nem mesmo sob o sentido íntimo. Digamos<br />

provisoriamente que ela só se manifesta a uma certa reflexão<br />

cuja natureza precisaremos mais adiante. Logo resulta <strong>da</strong>qui<br />

que a indução psicológica não é um simples recenseamento<br />

de fatos. A psicologia não explica designando, entre eles, o<br />

antecedente constante e incondicionado. Ela concebe ou compreende<br />

os fatos, exatamente como a indução física não se<br />

limita a notar as consecuções empíricas e cria noções capazes<br />

de coordenar os fatos. É por isso que nenhuma indução em<br />

psicologia, como em física, pode se prevalecer de uma experiência<br />

crucial. Já que a explicação não é descoberta mas inventa<strong>da</strong>,<br />

ela nunca é <strong>da</strong><strong>da</strong> com o fato, é sempre uma interpretação<br />

provável. Até aqui apenas aplicamos à psicologia<br />

aquilo que se mostrou muito bem a propósito <strong>da</strong> indução<br />

física 41 , e nossa primeira censura dirige-se contra a maneira<br />

empirista de conceber a indução e contra os métodos de Mill.<br />

I o . Ora, veremos que esta primeira censura recobre uma<br />

segun<strong>da</strong>. Em psicologia, não é apenas o empirismo que é preciso<br />

recusar. É o método indutivo e o pensamento causai em<br />

geral. O objeto <strong>da</strong> psicologia é de tal natureza que não poderia<br />

ser determinado por relações de função a variável. Estabeleçamos<br />

esses dois pontos com algum detalhe.<br />

1? Constatamos que os distúrbios motores de Schn. são<br />

acompanhados de uma acentua<strong>da</strong> deficiência do conhecimento<br />

visual. Somos tentados então a considerar a cegueira psíquica<br />

como um caso diferencial de comportamento tátil puro e,<br />

já que a consciência do espaço corporal e o movimento abstrato,<br />

que visa o espaço virtual, faltam aqui quase completamente,<br />

inclinamo-nos a concluir que o tocar não nos dá, por<br />

si mesmo, nenhuma experiência do espaço objetivo 42 . Diremos<br />

agora que o tocar não está apto, por si mesmo, a fornecer<br />

um fundo ao movimento, quer dizer, a dispor diante do

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!