12.04.2013 Views

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

588 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

guntar-nos se o arrancamento perpétuo pelo qual no início<br />

nós definimos a liber<strong>da</strong>de não é simplesmente o aspecto negativo<br />

de nosso engajamento universal em um mundo, se nossa<br />

indiferença em relação a ca<strong>da</strong> coisa determina<strong>da</strong> não exprime<br />

simplesmente nosso investimento em to<strong>da</strong>s, se a liber<strong>da</strong>de<br />

inteiramente pronta <strong>da</strong> qual partimos não se reduz a<br />

um poder de iniciativa que não poderia transformar-se em<br />

fazer sem retomar alguma proposição do mundo, e se enfim<br />

a liber<strong>da</strong>de concreta e efetiva não está nessa troca. É ver<strong>da</strong>de<br />

que na<strong>da</strong> tem sentido e valor senão para mim e por mim, mas<br />

esta proposição permanece indetermina<strong>da</strong> e ain<strong>da</strong> se confunde<br />

com a idéia kantiana de uma consciência que "só encontra<br />

nas coisas aquilo que ali ela colocou" e com a refutação idealista<br />

do realismo, enquanto não precisamos como entendemos<br />

o sentido e o eu. Definindo-nos como poder universal<br />

de Sinn-Gebung, retornamos ao método do "aquilo sem o quê"<br />

e à análise reflexiva do tipo clássico, que procura as condições<br />

de possibili<strong>da</strong>de sem ocupar-se <strong>da</strong>s condições de .reali<strong>da</strong>de.<br />

Portanto, precisamos retomar a análise <strong>da</strong> Sinn-Gebung<br />

e mostrar como ela pode ser ao mesmo tempo centrífuga e<br />

centrípeta, já que está estabelecido que não existe liber<strong>da</strong>de<br />

sem campo.<br />

Digo que este rochedo é intransponível, e é certo que este<br />

atributo, assim como aquele de grande e de pequeno, de<br />

reto e de oblíquo e assim como todos os atributos em geral,<br />

só pode advir-lhe de um projeto de transpô-lo e de uma presença<br />

humana. Portanto, é a liber<strong>da</strong>de que faz aparecer os<br />

obstáculos à liber<strong>da</strong>de, de forma que não podemos opô-los<br />

a ela como limites. To<strong>da</strong>via, em primeiro lugar é claro que,<br />

<strong>da</strong>do um mesmo projeto, este rochedo-aqui aparecerá como<br />

um obstáculo, esse outro, mais praticável, como um auxiliar.<br />

Portanto, minha liber<strong>da</strong>de não faz com que por aqui haja um<br />

obstáculo e alhures uma passagem, ela faz apenas com que<br />

existam obstáculos e passagens em geral, ela não desenha a

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!