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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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130 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

que não apenas têm um sentido mas ain<strong>da</strong> o dão a si mesmos.<br />

To<strong>da</strong>via, a menos que seja uma revolução ver<strong>da</strong>deira<br />

que dilua as categorias históricas até então váli<strong>da</strong>s, o sujeito<br />

<strong>da</strong> história não cria integralmente o seu papel: diante de situações<br />

típicas, ele toma decisões típicas, e Nicolau II, reencontrando<br />

até mesmo as expressões de Luís XVI, desempenha<br />

o papel já escrito de um poder estabelecido ante um novo<br />

poder. Suas decisões traduzem um a priori do príncipe<br />

ameaçado, assim como nossos reflexos traduzem um a priori<br />

específico. Aliás, essas estereotipias não são uma fatali<strong>da</strong>de,<br />

e, assim como a vestimenta, o adorno, o amor transfiguram<br />

as necessi<strong>da</strong>des biológicas por ocasião <strong>da</strong>s quais eles nasceram,<br />

<strong>da</strong> mesma forma no interior do mundo cultural o a priori<br />

histórico só é constante para uma <strong>da</strong><strong>da</strong> fase e sob a condição<br />

de que o equilíbrio <strong>da</strong>s forças deixe subsistir as mesmas<br />

formas. Assim, a história não é nem uma novi<strong>da</strong>de perpétua<br />

nem uma repetição perpétua, mas o movimento único que cria<br />

formas estáveis e as dissolve. O organismo e suas dialéticas<br />

monótonas não são portanto estranhos à história e como que<br />

inassimiláveis por ela. O homem concretamente considerado<br />

não é um psiquismo unido a um organismo, mas este vaivém<br />

<strong>da</strong> existência que ora se deixa ser corporal e ora se dirige<br />

aos atos pessoais. Os motivos psicológicos e as ocasiões corporais<br />

podem-se entrelaçar porque não há um só movimento<br />

em um corpo vivo que seja um acaso absoluto em relação às<br />

intenções psíquicas, nem um só ato psíquico que não tenha<br />

encontrado pelo menos seu germe ou seu esboço geral nas disposições<br />

fisiológicas. Não se trata nunca do encontro incompreensível<br />

entre duas causali<strong>da</strong>des, nem de uma colisão entre<br />

a ordem <strong>da</strong>s causas e a ordem dos fins. Mas, por uma<br />

reviravolta insensível, um processo orgânico desemboca em<br />

um comportamento humano, um ato instintivo mu<strong>da</strong> e tornase<br />

sentimento, ou inversamente um ato humano adormece<br />

e continua distrai<strong>da</strong>mente como reflexo. Entre o psíquico e

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