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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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144 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

eles estão todos envolvidos. Mas a noção de esquema corporal<br />

é ambígua, como to<strong>da</strong>s as que surgem nas reviravoltas<br />

<strong>da</strong> ciência. Essas noções só poderiam ser inteiramente desenvolvi<strong>da</strong>s<br />

por meio de uma reforma dos métodos. Elas são primeiramente<br />

emprega<strong>da</strong>s então em um sentido que não é seu<br />

sentido pleno, e é seu desenvolvimento imanente que demole<br />

os métodos antigos. Primeiramente, entendia-se por "esquema<br />

corporal" um resumo de nossa experiência corporal capaz<br />

de oferecer um comentário e uma significação à interoceptivi<strong>da</strong>de<br />

e à proprioceptivi<strong>da</strong>de do momento. Ele devia fornecer-me<br />

a mu<strong>da</strong>nça de posição <strong>da</strong>s partes de meu corpo para<br />

ca<strong>da</strong> movimento de uma delas, a posição de ca<strong>da</strong> estímulo<br />

local no conjunto do corpo, o balanço dos movimentos realizados<br />

em ca<strong>da</strong> momento de um gesto complexo, e enfim uma<br />

tradução perpétua, em linguagem visual, <strong>da</strong>s impressões cinestésicas<br />

e articulares do momento. Falando do esquema corporal,<br />

primeiramente só se acreditava introduzir um nome<br />

cômodo para designar um grande número de associações de<br />

imagens, e se desejava exprimir apenas que essas associações<br />

eram estabeleci<strong>da</strong>s fortemente, e estavam sempre prontas para<br />

operar. O esquema corporal devia montar-se pouco a pouco<br />

no decorrer <strong>da</strong> infância e à medi<strong>da</strong> que os conteúdos táteis,<br />

cinestésicos e articulares se associassem entre si ou com conteúdos<br />

visuais e os evocassem mais facilmente 3 . Sua representação<br />

fisiológica só podia ser então um centro de imagens<br />

no sentido clássico. Entretanto, no uso que dele fazem os psicólogos,<br />

vê-se muito bem que o esquema corporal extravasa<br />

essa definição associacionista. Por exemplo, para que o esquema<br />

corporal nos faça compreender melhor a aloquiria, não<br />

basta que ca<strong>da</strong> sensação <strong>da</strong> mão esquer<strong>da</strong> venha a se colocar<br />

e a se situar entre imagens genéricas de to<strong>da</strong>s as partes do<br />

corpo, que se associariam para formar em torno dela como<br />

que um desenho do corpo em sobreposição; é preciso que essas<br />

associações sejam regula<strong>da</strong>s a ca<strong>da</strong> momento por uma lei úni-

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