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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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O SER-PARA-SI E O SER-NO-MUNDO 545<br />

cias de minha experiência própria e intersubjetiva, e do qual<br />

eu presumo o acabamento possível através de horizontes indefinidos,<br />

exclusivamente pelo fato de que meus fenômenos<br />

se solidificam em uma coisa e de que eles observam em seu<br />

desenrolar um certo estilo constante — a essa uni<strong>da</strong>de aberta<br />

do mundo deve corresponder uma uni<strong>da</strong>de aberta e indefini<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong> subjetivi<strong>da</strong>de. Assim como a uni<strong>da</strong>de do mundo, a uni<strong>da</strong>de<br />

do Eu é antes invoca<strong>da</strong> do que experimenta<strong>da</strong> a ca<strong>da</strong><br />

vez que efetuo uma percepção, a ca<strong>da</strong> vez que obtenho uma<br />

evidência, e o Eu universal é o fundo sobre o qual se destacam<br />

essas figuras brilhantes, é através de um pensamento presente<br />

que formo a uni<strong>da</strong>de de meus pensamentos. Aquém de<br />

meus pensamentos particulares, o que resta para constituir<br />

o Cogito tácito e o projeto original do mundo, e em última<br />

análise o que eu sou na medi<strong>da</strong> em que posso entrever-me<br />

fora de qualquer ato particular? Eu sou um campo, sou uma<br />

experiência. Certo dia e de uma vez por to<strong>da</strong>s algo começou<br />

que, mesmo durante o sono, não pode mais parar de ver ou<br />

de não ver, de sentir ou de não sentir, de sofrer ou de estar<br />

feliz, de pensar ou de descansar, em suma de se "explicar"<br />

com o mundo. Aconteceu não um novo lote de sensações ou<br />

de estados de consciência, nem mesmo uma nova môna<strong>da</strong> ou<br />

uma nova perspectiva, já que não estou fixado em nenhuma<br />

e já que posso mu<strong>da</strong>r de ponto de vista, sujeito apenas a sempre<br />

ocupar um ponto de vista e a ocupar somente um a ca<strong>da</strong><br />

vez — digamos que aconteceu uma nova possibili<strong>da</strong>de de situações.<br />

O acontecimento de meu nascimento não passou, não<br />

caiu no na<strong>da</strong> à maneira de um acontecimento do mundo objetivo,<br />

ele envolvia um porvir, não como a causa determina<br />

seu efeito, mas como uma situação, uma vez arma<strong>da</strong>, chega<br />

inevitavelmente a algum desenlace. Doravante havia um novo<br />

"ambiente", o mundo recebia uma nova cama<strong>da</strong> de significação.<br />

Na casa onde nasce uma criança, todos os objetos<br />

mu<strong>da</strong>m de sentido, eles se põem a esperar dela um tratamento

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