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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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80 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

"querem dizer" uma distância maior. Não se trata, to<strong>da</strong>via,<br />

de uma <strong>da</strong>s conexões que a lógica objetiva, a lógica <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de<br />

constituí<strong>da</strong>, conhece: pois não há nenhuma razão para que<br />

um campanário me pareça menor e mais distante a partir do<br />

momento em que posso ver melhor em seu detalhe os declives<br />

e os campos que dele me separam. Não há razão, mas<br />

há um motivo. Foi justamente a Gestalttheorie que nos fez tomar<br />

consciência dessas tensões que, como linhas de força, atravessam<br />

o campo visual e o sistema corpo próprio/mundo, e<br />

que os animam com uma vi<strong>da</strong> sur<strong>da</strong> e mágica, impondo aqui<br />

e ali torções, contrações, dilatações. A dispari<strong>da</strong>de entre as<br />

imagens retinianas, o número de objetos interpostos não agem<br />

nem como simples causas objetivas que produziriam do exterior<br />

a minha percepção <strong>da</strong> distância, nem como razões que<br />

a demonstrariam. Eles são tacitamente conhecidos por ela sob<br />

formas vela<strong>da</strong>s, eles a justificam por uma lógica sem palavra.<br />

Mas, para exprimir suficientemente essas relações perceptivas,<br />

falta à Gestalttheorie uma renovação <strong>da</strong>s categorias:<br />

ela admitiu seu princípio, aplicou-o a alguns casos particulares,<br />

mas não percebeu que to<strong>da</strong> uma reforma do entendimento<br />

é necessária se queremos traduzir exatamente os fenômenos,<br />

e que é preciso, para chegar a isso, recolocar em questão o<br />

pensamento objetivo <strong>da</strong> lógica e <strong>da</strong> filosofia clássicas, pôr em<br />

suspenso as categorias do mundo, pôr em dúvi<strong>da</strong>, no sentido<br />

cartesiano, as pretensas evidências do realismo, e proceder<br />

a uma ver<strong>da</strong>deira "redução fenomenológica". O pensamento<br />

objetivo, aquele que se aplica ao universo e não aos fenômenos,<br />

só conhece noções alternativas; a partir <strong>da</strong> experiência<br />

efetiva, ele define conceitos puros que se excluem: a noção<br />

<strong>da</strong> extensão, que é a de uma exteriori<strong>da</strong>de absoluta entre<br />

as partes, e a noção do pensamento, que é a de um ser recolhido<br />

em si mesmo, a noção do signo vocal como fenômeno<br />

físico arbitrariamente ligado a certos pensamentos, e a <strong>da</strong> significação<br />

como pensamento para si inteiramente claro, a no-

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