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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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284 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

mim uma certa maneira de olhar, aquilo que se deixa apalpar<br />

por um movimento definido de meu olhar. Ele é um certo<br />

campo ou uma certa atmosfera ofereci<strong>da</strong> à potência de meus<br />

olhos e de todo o meu corpo. Aqui a experiência <strong>da</strong> cor confirma<br />

e faz compreender as correlações estabeleci<strong>da</strong>s pela psicologia<br />

indutiva. Comumente o verde passa por uma cor "repousante".<br />

"Ele me fecha em mim mesmo e me põe em paz",<br />

diz uma doente 6 . Ele "não nos pede na<strong>da</strong> e não nos convoca<br />

a na<strong>da</strong>", diz Kandinsky. O azul parece "ceder ao nosso<br />

olhar", diz Goethe. Ao contrário, o vermelho "entranha-se<br />

no olho", diz Goethe ain<strong>da</strong> 7 . O vermelho "dilacera", o<br />

amarelo é "picante", diz um doente de Goldstein. De uma<br />

maneira geral, temos de um lado, com o vermelho e o amarelo,<br />

"a experiência de um arrancamento, de um movimento<br />

que se distancia do centro", e de um outro lado, com o<br />

azul e o verde, temos a experiência do "repouso e <strong>da</strong> concentração"<br />

8 . Pode-se evidenciar o fundo vegetativo e motor,<br />

a significação vital <strong>da</strong>s quali<strong>da</strong>des, empregando estímulos fracos<br />

ou breves. A cor, antes de ser vista, anuncia-se então pela<br />

experiência de uma certa atitude do corpo que só convém<br />

a ela e a determina com precisão: "Há um deslizamento de<br />

alto a baixo em meu corpo, portanto isso não pode ser verde,<br />

só pode ser azul; mas de fato não vejo o azul" 9 , diz um outro<br />

paciente. E um outro: "Cerrei os dentes e sei por isso que<br />

é amarelo." 10 Se se faz um estímulo luminoso crescer pouco<br />

a pouco a partir de um valor subliminar, primeiramente se<br />

experimenta uma certa disposição do corpo e, repentinamente,<br />

a sensação continua e "se propaga no domínio visual" 11 .<br />

Assim como, ao olhar atentamente a neve, eu decomponho<br />

sua "brancura" aparente, que se resolve em um mundo de<br />

reflexos e de transparências, <strong>da</strong> mesma maneira pode-se descobrir<br />

uma"micromelodia" no interior do som, e o intervalo<br />

sonoro é apenas a enformação final de uma certa tensão<br />

senti<strong>da</strong> em primeiro lugar em todo o corpo 12 . Torna-se pos-

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