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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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606 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

tar-nos por que sua experiência se liga a si mesma e lhe oferece<br />

objetos, fases históricas defini<strong>da</strong>s, por que temos uma<br />

noção geral do tempo váli<strong>da</strong> através de todos os tempos, por<br />

que enfim a experiência de ca<strong>da</strong> um se liga à experiência dos<br />

outros. Mas é a própria questão que é preciso colocar em questão:<br />

pois o que é <strong>da</strong>do não é um fragmento de tempo e depois<br />

um outro, um fluxo individual e depois um outro, é a retoma<strong>da</strong><br />

de ca<strong>da</strong> subjetivi<strong>da</strong>de por si mesma e <strong>da</strong>s subjetivi<strong>da</strong>des<br />

umas pelas outras na generali<strong>da</strong>de de uma natureza, a<br />

coesão de uma vi<strong>da</strong> intersubjetiva e de um mundo. O presente<br />

efetua a mediação do Para Si e do Para Outrem, <strong>da</strong><br />

individuali<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> generali<strong>da</strong>de. A ver<strong>da</strong>deira reflexão me<br />

dá a mim mesmo não como subjetivi<strong>da</strong>de ociosa e inacessível,<br />

mas como idêntica à minha presença ao mundo e a outrem,<br />

tal como eu a realizo agora: sou tudo aquilo que vejo,<br />

sou um campo intersubjetivo, não a despeito de meu corpo<br />

e de minha situação histórica, mas ao contrário sendo esse<br />

corpo e essa situação e através deles todo o resto.<br />

O que se torna então, deste ponto de vista, a liber<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> qual falávamos ao começar? Não posso mais fingir ser um<br />

na<strong>da</strong> e me escolher continuamente a partir de na<strong>da</strong>. Se é pela<br />

subjetivi<strong>da</strong>de que o na<strong>da</strong> aparece no mundo, pode-se dizer<br />

também que é pelo mundo que o na<strong>da</strong> vem ao ser. Sou<br />

uma recusa geral de ser o que quer que seja, acompanha<strong>da</strong><br />

às ocultas por uma aceitação contínua de tal forma qualifica<strong>da</strong><br />

de ser. Pois mesmo esta recusa geral conta ain<strong>da</strong> entre as maneiras<br />

de ser e figura no mundo. É ver<strong>da</strong>de que a ca<strong>da</strong> instante posso<br />

interromper meus projetos. Mas o que é este poder? E o poder<br />

de começar outra coisa, pois nós nunca permanecemos<br />

em suspenso no na<strong>da</strong>. Estamos sempre no pleno, no ser, assim<br />

como um rosto, mesmo em repouso, mesmo morto, está<br />

sempre condenado a exprimir algo (há mortos espantados,<br />

calmos, discretos), e assim como o silêncio ain<strong>da</strong> é uma mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de<br />

do mundo sonoro. Posso destruir to<strong>da</strong>s as formas,

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