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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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O MUNDO PERCEBIDO 295<br />

ele existiu no tempo objetivo). A consciência, tematiza<strong>da</strong> pela<br />

reflexão, éa existência para si. E, com o auxílio dessa idéia<br />

<strong>da</strong> consciência e dessa idéia do objeto, mostra-se facilmente<br />

que to<strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de sensível só é plenamente objeto no contexto<br />

<strong>da</strong>s relações de universo, e que a sensação só pode ser<br />

sob a condição de existir para um Eu central e único. Se se<br />

quisesse marcar uma para<strong>da</strong> no movimento reflexivo e falar,<br />

por exemplo, de uma consciência parcial ou de um objeto isolado,<br />

ter-se-ia uma consciência que em algum aspecto não se<br />

saberia a si mesma e que portanto não seria consciência, um<br />

objeto que não seria acessível em to<strong>da</strong>s as partes e que nessa<br />

medi<strong>da</strong> não seria objeto. Mas sempre se pode perguntar ao<br />

intelectualismo de onde ele extrai essa idéia ou essa essência<br />

<strong>da</strong> consciência e do objeto. Se o sujeito é puro para si, então<br />

"o Eu penso deve poder acompanhar to<strong>da</strong>s as nossas representações".<br />

"Se um mundo deve poder ser pensado", então<br />

é preciso que a quali<strong>da</strong>de o contenha em germe. Mas, em<br />

primeiro lugar, de onde sabemos que existe o puro para si<br />

e de onde extraímos que o mundo deve poder ser pensado?<br />

Responder-se-á talvez que isso é a definição do sujeito e do<br />

mundo, e que se eles não forem compreendidos assim não<br />

se saberá mais do que se fala ao se falar deles. E com efeito,<br />

no plano <strong>da</strong> fala constituí<strong>da</strong>, essa é certamente a significação<br />

do mundo e do sujeito. Mas de onde as próprias falas obtêm<br />

seu sentido? A reflexão radical é aquela que me reapreende<br />

enquanto estou prestes a formar e formular a idéia do sujeito<br />

e a do objeto, ela ilumina a fonte dessas duas idéias, ela é<br />

reflexão não apenas operante, mas ain<strong>da</strong> consciente de si mesma<br />

em sua operação. Talvez se responderá ain<strong>da</strong> que a análise<br />

reflexiva não apreende o sujeito e o objeto apenas "em<br />

idéia", que ela é uma experiência, que, ao refletir, eu me recoloco<br />

neste sujeito infinito que eu já era, e recoloco o objeto<br />

nas relações que já o subtendiam, e que enfim não convém<br />

perguntar de onde extraio essa idéia do sujeito e essa idéia

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